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'Financial Times': O Brasil inteiro na Lava Jato

Ninguém é poderoso demais para escapar da investigação de corrupção da Petrobras

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Matéria publicada nesta segunda-feira (19) pelo jornal britânico Financial Times analisa que o escândalo de corrupção do Brasil está crescendo e atingindo cada vez mais gente. Já são 29 meses desde o início das investigações Lava Jato, sobre casos de corrupção e propina na Petrobras. Desde então, dezenas de funcionários têm sido acusados de negociar contratos públicos devisando mais de $ 13 bilhões da empresa de energia controlada pelo Estado. Cerca de 50 legisladores, de todo o espectro político, estão sob investigação. O escândalo de corrupção também ajudou a acelerar o impeachment de Dilma Rousseff, ex-presidente do país, aponta o Financial Times. 

Como em todo drama que se preze, o melhor foi deixado para o final, comenta o Financial Times, se referindo a acusação ao  ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quarta-feira (14). No centro das acusações, que ele nega veementemente, está uma suposta troca de favores entre Lula e a construtora OAS. Lula continua sendo o político mais popular do Brasil e o caso é um grande golpe ás esperanças de retorno do herói de esquerda na eleição presidencial de 2018. 

Financial Times lembra que dois dias antes Eduardo Cunha, ex-presidente da câmara dos deputados foi cassado. Ele iniciou o processo de impeachment no ano passado quando o Partido dos Trabalhadores se recusou a protege-lo das das acusações de esconder milhões em uma conta bancária na Suíça. Sem imunidade parlamentar, Cunha pode agora negociar uma delação premiada. No Congresso o ex-deputado está sendo chamado de "bomba-relógio", sendo capaz de explodir a qualquer momento com denúncias ferozes. 

Não é por acaso que estes dois fatos tenham acontecido agora, diz o texto do Financial Times. Os legisladores aguardaram a finalização do impeachment de Dilma para expulsar Cunha. Promotores federais, entretanto, esperaram acumular provas suficientes para seguir com as acusações contra Lula da Silva. Isso aconteceu duas semanas após a cassação de Dilma. Lula seria muito poderoso para ser tocado antes. Isso não significa, no entanto, que as acusações tenham motivação politica.

Financial Times ressalta que a investigação Lava Jato não vai parar. A longo prazo está a promessa de um país com muito menos corrupção. A operação conduzida pelo juiz Sergio Moro veio para mostrar que ninguém no Brasil está acima da lei, e que o sistema judicial tem muito a ensinar aos outros países, especialmente no mundo emergente. Michel Temer deve deixar a investigação correr o seu curso. Seu impulso agora é tão forte que mesmo que ele quisesse não conseguiria parar, conclui o jornal britânico.

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