O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comentou, nesta terça-feira (13), a cassação do mandato parlamentar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Questionado pelos jornalistas, Renan disse que não gostaria de falar sobre o assunto e foi breve na sentença:
"Eu não sou especialista em Eduardo Cunha, não gostaria nem de falar sobre isso. Mas aquilo que nós vimos ontem é aquilo, é resultado de uma lei da natureza: quem planta vento colhe tempestade", disse o presidente do Senado.
Renan também foi perguntado sobre as eventuais ameaças de Cunha e sobre o fato de o processo do ex-deputado no Supremo Tribunal Federal (STF) estar tramitando mais que o seu. "Afasta esse cálice de mim. Eu não quero de forma nenhuma falar sobre isso, mas quem planta vento colhe tempestade", repetiu o senador.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comentou brevemente as críticas de Cunha, logo após a cassação, de que o governo Temer foi um dos principais responsáveis pela perda de seu mandato. Segundo Cunha, a articulação do governo para eleger Maia para o comando da Casa, em detrimento de Rogério Rosso (PSD-DF), teria rachado o chamado "Centrão", que reúne diversos partidos médios no Congresso.
"Isso é normal, acontece. A vida é assim", disse o deputado do DEM, acrescentando que o momento não é para comemorações. "Não é um momento feliz nem é um momento de comemoração, mas era o momento necessário. E assim foi feito”.
Em sessão que durou pouco mais de três horas, na noite desta segunda-feira (12), e cujo resultado foi anunciado às 23h50, o Plenário da Câmara decidiu, por 450 votos favoráveis, 10 contrários e 9 abstenções, pela cassação de mandato de Cunha. O ex-deputado é acusado de mentir na CPI da Petrobras, ao negar a existência de contas em seu nome em bancos da Suíça.
Logo após a promulgação do resultado, Cunha concedeu uma entrevista coletiva e anunciou que escreverá um livro sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Ele nega que tenha gravado conversas com aliados e que tem memória boa para reconstituir os bastidores da queda da ex-presidente.