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'The Guardian': Dilma exalta lado guerrilheira em defesa contra impeachment

Jornal britânico diz que a presidente mostrou  perfil combativo em discurso no Senado

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Matéria publicada nesta terça-feira (30) pelo jornal The Guardian conta que Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, exaltou em discurso no Senado sua luta como guerrilha marxista para se defender do processo de impeachment. 

A reportagem fala que ao depor em sua própria defesa perante um senado predominantemente de oposição, a líder do partido dos Trabalhadores disse que havia resistido a tortura em sua luta pela democracia e não recuaria, embora seja provável que perca na votação final de impeachment.

> > The Guardian Brazil president Dilma Rousseff comes out fighting in impeachment trial

"Eu lutei contra a ditadura. Eu tenho a marca da tortura no meu corpo ", ela lembrou aos senadores do abuso que sofreu durante a prisão pelo governo militar. "Em quase 70 anos de idade, não vai ser agora, depois de se tornar mãe e avó, que vou abandonar os princípios que sempre me guiaram", disse Dilma Rousseff.

O Guardian analisa que Dilma fez um paralelo dos tribunais militares que a condenaram a prisão ha mais de 40 anos atrás com o processo de impeachment pelo qual está passando ha quase 10 meses e reafirma que é vítima de um golpe. Os opositores, no entanto, usaram a sessão de perguntas e respostas para fazer valer a alegação de que a presidente está passando por um processo constitucional aprovado e supervisionado pelo Supremo Tribunal para avaliar se ela cometeu um "crime de responsabilidade" por manipulação de contas públicas antes da última eleição.

O jornal afirma que finalmente está chegando ao fim o longo processo que paralisou o governo, ofuscou os Jogos Olímpicos e diminuiu as possibilidades de recuperação da maior economia da América Latina. Embora muitos brasileiros estejam cansados das disputas em Brasília, os historiadores acreditam que a sessão de desta segunda-feira (29) no senado será lembrada como o início da destituição do Partido dos Trabalhadores, que está prestes a ser expulso do poder, apesar de não perder uma eleição presidencial desde 2002.

O Guardian noticia que em sua declaração de 40 minutos, Dilma proclamou proclamou sua inocência e adotou um tom que oscilava entre a de uma guerreira desafiadora em defesa dos direitos sociais e uma mulher vitimizada e injustiçados por usurpadores.

"Todo mundo sabe que este processo de impeachment foi aberto como uma chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha", disse Dilma observando que seus opositores são acusados de crimes mais graves do que ela está sendo julgada.

De acordo com o Guardian, a grande maioria daqueles que fizeram perguntas ou declarações criticaram a liderança de Dilma e disseram que ela estava sendo removida com base em um processo constitucional.

"Este não é um golpe, é a democracia em evolução", afirmou o senador José Medeiros, que culpou o governo de Dilma Paschoal pela turbulência atual no Brasil. "Você chama este processo um golpe? O supremo tribunal preside esta sessão, disse Ricardo Ferraço do Partido Social Democrata do Brasil.

O jornal informa que desde maio, quando o processo foi aprovado pelo senado, os adversários de Dilma já garantiram o número de votos necessários para a remoção da presidente. Desde então não aconteceram muitas mudanças. Aliados disseram que haviam poucas chances da presidente sobreviver ao impeachment.

O Guardian conta que o senador Otto Alencar, do Partido Social Democrata (PSD) do estado do nordeste da Bahia, revelou que iria votar contra o impeachment do presidente, mas disse que poucos foram seduzidos pelo discurso de Dilma.

"Não há crime de responsabilidade. Se ela for deposta, será por erros políticos e administrativos. Ela é uma mulher honesta. ", disse Otto. 

"Não acho que ninguém vai mudar de ideia. Vou votar com Dilma, mas acho que o meu voto será um voto para uma causa perdida."