ASSINE
search button

'Le Monde' diz que junto com Dilma, alguns sonhos serão deixados para trás

Reportagem diz que a presidente discursou firme e forte, mas em tom de despedida

Compartilhar

Matéria publicada nesta terça-feira (30) pelo jornal francês Le Monde conta que Dilma Rousseff enfrentou seu julgamento no Senado na segunda (29) de cabeça erguida, orgulhosa, encarando o juiz "olho no olho", rejeitando o "silêncio obsequioso dos covardes." 

A reportagem do Monde relata que em sua defesa, a sexagenária descreveu um pouco de sua história, desde a época de guerrilheira feroz contra a ditadura com o corpo marcado pelo rescaldo da tortura, até o recente câncer que a acometeu. 

> > Le Monde: Face à ses juges, Dilma Rousseff refuse « le silence obséquieux des lâches »

O jornal francês fala que a presidente afastada demonstrou em determinado momento um tom de alívio em sua fala, e acredita que seja por saber que a saga que já dura 9 meses está perto de seu fim. O processo de impeachment foi aprovado em dezembro de 2015 e desde então Dilma e seu partido são metralhados por acusações e escândalos. 

O noticiário afirma que a evocação de um "golpe" e uma ruptura democrática ainda causa constrangimento a alguns parlamentares. O senador Cristovam Buarque, do Partido Socialista Popular (PPS), diz que por medo do líder do golpe alguns políticos se recusam a apoiar a democracia. Ainda assim, ele votará pelo impeachment. 

"Se Dilma sair, será João Goulart, se permanecer, será Nicolas Maduro," o presidente da Venezuela, disse ele. "Uma metáfora", refletindo sua decepção ao observar uma esquerda que se tornou "arrogante" e se recusa a reconhecer seus erros. 

O Le Monde finaliza seu texto alertando que junto com Dilma, alguns sonhos são deixados para trás, assim como avanços sociais e a lembrança de que foi este partido que tirou milhões de brasileiros da miséria absoluta. Um ar nostálgico tomou conta da Casa, como se fosse uma despedida.