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'El País': O teatro da saída da esquerda

Reportagem diz que o mesmo povo que luta pelo impeachment voltará atrás nas eleições

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Artigo publicado no jornal espanhol El País nesta terça-feira (30) fala sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rouseeff e a situação atual do Partido dos Trabalhadores. 

A reportagem diz que em seu discurso no Senado para se defender da acusação de crime de responsabilidade e ser condenada a deixar seu cargo, a presidente afastada Dilma Rousseff agradou seus aliados, mas não mostrou força para mudar seu destino. Hoje espera-se que os 81 senadores votem para decidir se presidente deve deixar ou não seu cargo.  

El País afirma que se a presidente for deposta, Michel Temer será nomeado presidente do Brasil. O que aconteceu neste 29 de agosto no Brasil foi um teatro. Dilma Rousseff falou como jamais havia falado anteriormente, mas ela sabe que fez isso para salvar sua biografia. Ela falou com a superioridade moral que realmente tem sobre os senadores que são os juízes políticos neste tribunal. Dilma tentou fazer diferente do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Em 1992, Collor, que também sofreu o impeachment no Senado, renunciou ao invés de se defender na última etapa do seu julgamento. Nem mesmo o Partido dos Trabalhadores tem sido capaz de defender de forma significativa o seu retorno ao governo.

> > El País El teatro que despide a la izquierda del poder

O diário espanhol fala que o fim do governo de Dilma Rousseff marca o fim de 13 anos do PT no poder. Além disso, simbolicamente, à esquerda no poder, porque nem os apoiantes mais populares, que apoiaram o PT desde a sua criação na década de oitenta, apoiam ainda as atitudes do governo Dilma. Para algumas pessoas, o Partido dos Trabalhadores virou conservador e começou a servir a elite. Assim se inicia a era de Michel Temer, do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que estava ao lado de Dilma durante seis anos como vice-presidente. 

El País lembra que eles foram eleitos ao mesmo tempo em 2011 e depois em 2014, com 54 milhões de votos. Como presidente interino, ele formou uma Gabinete composto por membros do seu partido, o outro maior partido na disputa. Ninguém votou nestes membros. Esse foi o verdadeiro golpe de Estado, levando nomes sem o apoio popular ao poder. 

El País analisa que em virtude deste golpe, a baixa popularidade de Michel Temer ainda deve piorar. O presidente interino deve sofrer duras críticas quando sua luta pela austeridade fiscal começar a atingir em primeiro lugar os pobres e em um ano a classe média. O último ato desta opereta será em 2018, com as novas eleições presidenciais. Assim, os que hoje celebram a saída do PT chegarão em 2018 completamente depenados, e votarão novamente no partido que eles próprios tiraram do poder.