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'El País': Brasileiros cansados de "mais do mesmo" ignoram sessão do Senado

Artigo fala sobre o histórico dia em que Dilma passou despercebida pelas ruas

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Artigo publicado nesta terça-feira (30) na versão impressa do jornal espanhol El País conta que na véspera da votação que irá decidir se o Brasil perderá definitivamente a presidente afastada Dilma Rousseff, foi mais um dia em que foram ditas (durante horas seguidas) apenas coisas que a maioria dos brasileiros já estão cansados de ouvir ao longo dos últimos nove meses.

"Eu não sabia que Dilma ia falar hoje, mas mesmo se soubesse, não iria ouvir", explicou Sonia de Souza, de 47 anos, em um banco da Avenida Paulista, coração de São Paulo. Um passeio pelos estabelecimentos vizinhos, no coração da maior cidade do país mostrou que Sonia não é a única que está cansada deste processo que vem paralisando a economia e a política do país. 

"Eu sabia que Dilma falaria hoje, mas que diferença vai fazer para mim?", protestou Jorge Bastos, de 60 anos, gerente de alimentos. 

"Toda vez que ela aparece é para dizer que está sofrendo um golpe. Hoje não será diferente", disse o oficial Elcio Copesky, de 55 anos. "Eu só quero que isso acabe porque este processo está atrasando todo o país", explicou entre uma tragada e outra de cigarro. "É claro que [o presidente interino] Temer não vai mudar nada, porque é mais do mesmo, mas pelo menos o país vai voltar ao trabalho."

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Segundo a reportagem do El País, em Brasília também pode se observar um esgotamento com relação ao impeachment da presidente. Em abril, quando o processo ainda estava na Câmara dos Deputados, as ruas foram tomadas por mais de 100.000 pessoas. Nesta segunda (29), fora do Senado havia uma centena de manifestantes que defendem o Partido dos Trabalhadores, no meio de um mar de vendedores ambulantes de bebidas e comidas.

"Viemos para defender a democracia", explicou Lucineide Lucinda, 51 anos, que viajou 550 quilômetros do estado de Minas Gerais para estar ali naquele momento. "Sabemos que só existem ladrões lá dentro", ela insistiu, apontando para o prédio em frente. Um oficial de Brasília, Valter Loiola, de 64 anos. Ele concordou e acrescentou: "Nós não podemos entregar o país de bandeja aos golpistas."

O jornal espanhol fala que em meia hora foi possível encontrar uma dúzia de manifestantes, 52 policiais descansando dentro de um ônibus e dois vendedores de rua. "Eu não tenho vendido quase nada. Nem uma bandeira ou um boné ", queixou-se o ambulante Paulo Alves, 44.

Baixa frequência não gostava nada André Rhouglas, publicitário desempregado de 55 anos. Ele foi o primeiro a chegar para demonstrar a favor do impeachment porque Dilma Rousseff "não colocar um freio sobre a corrupção", disse ele. "As pessoas pensam que Dilma já caiu, mas ainda não caiu. Nós temos que vir aqui para pressionar senadores. Caso contrário, corremos o risco de deixar como presidente Dilma ".