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Lindbergh cita charge do 'NYT': "Exata dimensão da desmoralização do golpe"

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O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) publicou em sua página do Facebook uma charge do jornal norte-americano New York Times, na qual a presidente afastada Dilma Rousseff aparece em cima de um banco e cercada por ratos. "Charge publicada no New York Times dá a exata dimensão da desmoralização internacional do golpe", escreveu o senador.

A repercussão do julgamento do impeachment em jornais internacionais também foi destaque no sábado (27). Editorial do mais importante jornal francês, Le Monde, questionou o processo. O jornal destacou que "a menos que aconteça uma reviravolta, a sucessora do adorado presidente Lula, que foi afastada do cargo em maio, será tirada definitivamente do poder no dia 30 ou 31 de agosto." O texto reforçou que Dilma "cometeu erros políticos, econômicos e estratégicos", contudo, frisou: "Mas sua expulsão, motivada por peripécias contábeis às quais ela recorreu bem como muitos outros presidentes, não ficará para a posteridade como um episódio glorioso da jovem democracia brasileira."

O texto prosseguiu: "Para descrever o processo em andamento, seus partidários dizem que esse foi um "crime perfeito". O impeachment, previsto pela Constituição brasileira, tem toda a roupagem da legitimidade. De fato, ninguém veio tirar Dilma Rousseff, reeleita em 2014, usando baionetas. A própria ex-guerrilheira usou de todos os recursos legais para se defender, em vão."

O editorial destacou que Dilma é "impopular e desajeitada", e que ela acredita estar sendo vítima de um "golpe de Estado" "fomentado por seus adversários, pela mídia, e em especial pela rede Globo de televisão, que atende a uma elite econômica preocupada em preservar seus interesses supostamente ameaçados pela sede de igualitarismo de seu partido, o Partido dos Trabalhadores (PT)."

Le Monde reforçou que a guerra de poder "aconteceu tendo como pano de fundo uma revolta social. Após os "anos felizes" de prosperidade econômica, de avanços sociais e de recuo da pobreza durante os dois mandatos de Lula, em 2013 veio o tempo das reivindicações da população. O acesso ao consumo, a organização da Copa do Mundo e das Olimpíadas não conseguiam mais satisfazer o "povo", que queria mais do que "pão e circo". Ele queria escolas, hospitais e uma polícia confiável."

O texto prosseguiu: "O escândalo de corrupção em grande escala ligado ao grupo petroleiro Petrobras foi a gota d'água para um país maltratado por uma crise econômica sem precedentes. Profundamente angustiados, parte dos brasileiros fizeram do juiz Sérgio Moro, encarregado da operação "Lava Jato", seu herói, e da presidente sua inimiga número um."

"A ironia quis que a corrupção fizesse milhões de brasileiros saírem para as ruas nos últimos meses, mas que não fosse ela a causa da queda de Dilma Rousseff. Pior: os próprios arquitetos de sua derrocada não são santos."

Le Monde destacou que o homem que deu início ao processo de impeachment, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, "é acusado de corrupção e de lavagem de dinheiro". 

"A presidente do Brasil está sendo julgada por um Senado que tem um terço de seus representantes, segundo o site Congresso em Foco, como alvos de processos criminais. Ela será substituída por seu vice-presidente, Michel Temer, embora este seja considerado inelegível durante oito anos por ter ultrapassado o limite permitido de doações de campanha."

E ainda lembrou: "O braço direito de Temer, Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento do governo interino, foi desmascarado em maio por uma escuta telefônica feita em março na qual ele defendia explicitamente uma "mudança de governo" para barrar a operação "Lava Jato"."

Por fim, Le Monde concluiu: "Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros."