ASSINE
search button

'WSJ': Rio fez apenas o suficiente para realizar uma Olimpíada de sucesso

Reportagem diz que ao cruzar linha de chegada das Olimpíadas, cidade começa a ver obstáculos 

Compartilhar

Matéria publicada nesta terça-feira (23) pelo The Wall Street Journal conta que os primeiros Jogos Olímpicos da América Latina, realizados no Rio de Janeiro podem ser considerados suficientemente bem sucedidos. A paisagem exuberante do Rio é de fato um cenário memorável. As falhas de segurança e longas filas foram melhorando com o prosseguimento dos Jogos. A nova linha de metrô funcionou praticamente sem falhas. A medalha de ouro inédita do time de futebol masculino foi uma grande forma de recuperar os holofotes após o caso do assalto que nunca existiu do nadador americano Ryan Lochte. O mais importante é constatar que os Jogos Olímpicos de 2016 não foram o desastre que todos temiam. A poluição da água não estragou a competição de vela, as infra-estruturas construídas às pressas não despencaram e o esquema de segurança garantiu que não houvesse nenhum ataque terrorista. A maioria dos visitantes obteve uma impressão esplêndida do Rio. O  próximo desafio para evitar a decadência que se instalou na cidade desde que o Brasil mudou sua capital para Brasília no início da década de 1960, pode ser mais difícil.

> > The Wall Street Journal Rio Crosses Olympic Finish Line, Sees Familiar Hurdles Ahe

A reportagem do Journal lembra que o Brasil está atolado em sua pior recessão. Os cariocas estão dizendo que a festa acabou. O crime violento  deve voltar a subir depois de anos de declínio. A taxa de desemprego do estado saltou para 11,4% no segundo trimestre, superando a média nacional, pela primeira vez desde 2012. Os preços do petróleo, a força vital do orçamento do Estado, permanecem abaixo de US $ 50 o barril. 

"Na próxima semana os Cariocas voltarão a ter suas águas poluídas, praias sujas, assaltos em ônibus, assaltos a banco e outras mazelas com as quais eles têm vivido ha muito tempo", disse Riordan Roett, diretor do programa de Estudos Latino-Americanos Escola de Estudos internacionais avançados da Universidade Johns Hopkins. "O Rio é uma espécie de enfeite, um belo enfeite, mas sem dinheiro."

O WSJ fala que a auto-proclamada Cidade Maravilhosa há muito tempo apresenta uma série de problemas. Contradição é a palavra-chave para definir o Rio de janeiro, de riqueza e beleza, mas também com pobreza e tragédia. Mas em 2009, quando foi eleita a sede dos Jogos Olímpicos, disputando com Chicago, o Brasil permaneceu estável durante a recessão global por conta do boom das commodities. A cidade tem feito grandes progressos desde a década de 1990. A taxa de homicídios do Rio caiu 75% desde 1994, para um nível  ligeiramente superior ao de Chicago. As dezenas de favelas antes controladas pelo tráfico de drogas, agora vivem sob forte policiamento, na esperança de pacificação e integração com a cidade. As autoridades gastaram bilhões de dólares em projetos de transporte público para melhorar o engarrafamento crônico.

"Examinar o Brasil é como fazer um electrocardiograma", disse Alencar. 

"O que precisamos fazer é não deixar que este pico seja seguido por um vale. Precisamos construir sobre o legado ... de modo que em dois ou seis meses a partir de agora, a notícia negativa não ofusque todas as notícias positivas que a cidade conquistou".

O jornal norte-americano afirma que o Rio fez apenas o suficiente para realizar uma Olimpíada de sucesso. A cidade não se transformou a fundo como anunciaram os políticos locais ao Comité Olímpico Internacional.

O Wall Street Journal destaca que a maioria dos anfitriões olímpicos não obteve lucro após sediar o evento. O prefeito Eduardo Paes gosta de comparar a sua cidade com Barcelona, que usou seus Jogos de 1992 para iniciar uma revitalização que a transformou em um importante destino turístico. 

"Para o Rio para seguir os passos de Barcelona terá de fazer melhorias em áreas como segurança pública, mobilidade urbana e tratamento de esgoto", disse Thomas Trebat, economista de longa data na América Latina, que agora trabalha para a Columbia centros globais no Rio. 

"Barcelona se transformou porque manteve o investimento depois dos Jogos Olímpicos."