O novo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse nesta quarta-feira (27) que a privatização das distribuidoras de energia da companhia será benéfica para todos. "A venda parcial ou total de nossos ativos de distribuição será benéfica para todos os nossos públicos e interesses, a começar pelos consumidores, pelos governos, pelos fornecedores e também para nossos acionistas e contribuintes”, disse ele, durante sua posse no auditório do Ministério de Minhas e Energia.
Relatório de uma auditoria pedida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que, das 31 maiores distribuidoras de energia do país, responsáveis por 96% do faturamento do setor, 23 estão com risco elevado de insustentabilidade financeira. Apesar das dificuldades, essas empresas distribuíram R$ 3,4 bilhões em lucros e dividendos em 2014, mesmo as com prejuízo ou dívidas incompatíveis com o seu funcionamento.
Contudo, uma análise sobre a evolução das ações da Eletrobras mostra uma valorização surpreendente, num prazo muito pequeno. De acordo com os balanços anuais, em 2014, a resultado negativo foi de R$ 3 bilhões. Em 2015, o resultado negativo aumentou para R$ 14,4 bilhões. No dia 16 de maio deste ano, as ações ordinárias valiam R$ 7,50, e as preferenciais, R$ 12,52.
Este quadro negativo teve uma reviravolta pouco tempo depois. No dia 9 de julho, houve a confirmação de que um novo grupo formaria o conselho da empresa. No dia 18 do mesmo mês, as ações da Eletrobras tiveram um salto espantoso: as ordinárias passaram a R$ 16,31, e as preferenciais, R$ 21,48. Como o Jornal do Brasil antecipou na semana passada, especulações dão conta de que esta valorização tão alta, e em tão pouco tempo, só pode ter acontecido porque haveria informações de que este novo grupo de conselheiros favoreceria a privatização da Eletrobras.
Na semana passada, os acionistas da Eletrobras decidiram reprovar a prorrogação das concessões de seis empresas de distribuição do grupo, que ficam nas regiões Norte e Nordeste. Com isso, as distribuidoras Companhia Energética do Piauí (Cepisa), Companhia Energética de Alagoas (Ceal), Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Boa Vista Energia e Amazonas Distribuidora de Energia deverão ser privatizadas até 31 de dezembro de 2017.
Segundo a decisão, tomada em assembleia geral extraordinária de acionistas, até a transferência para o novo controlador, as distribuidoras devem receber diretamente da União Federal ou através de tarifa todos os recursos e remuneração necessários para operar, manter e fazer investimentos que forem relacionados aos serviços públicos, sem qualquer aporte de recursos pela Eletrobras.