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Rio 2016: suspeitos de planejar ataque terrorista já estão em prisão de segurança máxima

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Os dez presos da Operação Hashtag, suspeitos de estarem se preparando para fazer ataques terroristas durante a Olimpíada,  já estão no presídio federal de Campo Grande, unidade de segurança máxima.

Quatro pessoas foram presas no estado de São Paulo; uma no Amazonas ; uma no Paraná; uma no Rio Grande do Sul; uma no Rio de Janeiro; uma no Ceará e uma na Paraíba.

Outras duas pessoas têm mandado de prisão, mas ainda não foram detidas pela polícia. Na quinta (21),  o governo informou que já rastreia esses suspeitos e deve prendê-los "em breve".

Além das prisões, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em dez estados – São Paulo (8); Goiás (2); Amazonas (2); Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Paraíba, Ceará, Minas Gerais e Mato Grosso (um em cada). Houve ainda duas conduções coercitivas, em São Paulo e Minas Gerais.

Os alvos da operação foram os brasileiros Alisson Luan de Oliveira, Antonio Andrade dos Santos Junior, Daniel Freitas Baltazar, Hortencio Yoshitake, Israel Pedra Mesquita, Leandro França de Oliveira, Leonid El Kadre de Melo, Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, Marco Mario Duarte, Mohamad Mounir Zakaria, Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, Valdir Pereira da Rocha e Vitor Barbosa Magalhães. Além dos 13 nomes, um menor de idade, que teve a identidade preservada, também foi alvo da operação.

Operação Hashtag

A Polícia Federal cumpriu 10 mandados de prisão na quinta-feira (21) na Operação Hashtag, contra um grupo de brasileiros que realizaram atos preparatórios para ações terroristas durante a Olimpíada no Rio. 

O ministro da Justiça do governo interino, Alexandre Moraes, destacou na coletiva de imprensa que as duas principais ações preparatórias identificadas na "suposta célula terrorista", "absolutamente amadora, sem nenhum preparo", foram a tentativa de compra de um fuzil AK 47 pela internet e pedidos de treinamento de artes marciais e de tiro por parte do "líder" do grupo, que fica em Curitiba. Eles se comunicavam principalmente pelo Telegram e WhatsApp, e não tinham contato pessoal.

Cada uma das dez prisões foi feita em um estado brasileiro diferente, nesta que foi a primeira ação do país com base na lei antiterror, que permite detenções a partir de "ações preparatórias". Eles devem ficar detidos por três meses, prorrogáveis por mais três -- que é o tempo que a lei autoriza. "Eles passaram de simples comentários sobre Estado Islâmico, sobre atentados, para atos preparatórios", comentou Moraes. 

Com o Estado Islâmico (EI), eles não tiveram contato direto, nem pessoalmente nem virtualmente, mas realizaram um batismo pela internet recentemente para entrarem no EI -- a relação mais próxima que eles firmaram com a organização. A partir deste batismo -- um juramento padrão em que se repete algumas palavras que aparecem em uma gravação do EI, e que não exige interação --, não houve qualquer contato com o EI no exterior, nem para planejamento de ações nem para financiamento, mas alguns "atos preparatórios específicos começaram a ser realizados".

"Havia uma ordem entre eles para treinamento de artes marciais, munição, armamento, tiro, para que pudessem realizar algum ato específico", informou Moraes. Um deles entrou em contato com um site de armas clandestino no Paraguai, para comprar um fuzil AK 47, trocou uma série de e-mails, e não há informação de que ele tenha conseguido adquirir o armamento. "O simples pedido, a simples informação de que estava pretendendo comprar esse fuzil, obviamente, isto também é um ato preparatório", destacou o ministro.

Moraes também ressaltou que o próprio grupo passou a entender em determinado momento que o Brasil tinha passado de país neutro para um possível alvo para o Estado Islâmico, devido à realização da Olimpíada. Um deles queria ir ao exterior, para conseguir um contato com o Estado Islâmico, mas o mesmo disse um ou dois dias depois, nas conversas, que não poderia ir por falta de recursos. 

Os policiais também cumpriram 19 mandados de busca e apreensão, e recolheram equipamentos como celulares e computadores. Moraes frisou que a prioridade neste momento é realizar a perícia dos dados coletados, para verificar, por exemplo, se há ou não ramificações do grupo no país. 

De acordo com Moraes, apenas dois deles tinham contato pessoal, e inclusive já haviam sido condenados há seis anos de prisão por homicídio -- informação que os outros membros do grupo nem saberiam. O grupo estava sendo monitorado desde abril pela Polícia Federal, Abin e Forças Armadas, com o auxílio de agências de informação internacionais. 

"Eu venho reiterando que nós estamos monitorando vários indivíduos, vários que somente têm acesso ao site do Estado Islâmico... A partir do momento que isso transborda, que isso passa para atos preparatórios, é necessário uma ação mais pontual, mais drástica."

Alexandre Moraes também chamou atenção para o conteúdo das conversas do grupo, com comemorações a atentados como o de Nice e em Orlando e informações sobre execuções realizadas pelo Estado Islâmico, em um "agravamento do discurso". Não houve indicação de qual seria um possível alvo de ataques. 

Questionado sobre a possibilidade de investigar os suspeitos por meio das conversas criptografadas do WhatsApp e do Telegram, o ministro não quis responder. "Pelo amor de Deus", ele se limitou a comentar. 

As informações sobre os presos estão sob sigilo judicial, para o prosseguimento das investigações e em conformidade com protocolo internacional de divulgação. De acordo com nota da assessoria de imprensa da PF, cerca de 130 policiais cumprem os mandados judiciais expedidos pela 14ª Vara Federal de Curitiba, sendo 10 prisões temporárias, 2 conduções coercitivas e 19 buscas e apreensões, nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

Há informações de que as agências nacionais e internacionais teriam suspeitas mais fortes em relação aos presos no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, e que os presos nos demais estados seriam menos ofensivos. A Operação Lava Jato só teria sido detectada, inclusive, com ajuda de suspeições por parte de agências de investigações de que o grande volume de drogas transportado nas fronteiras desses estados seria usado para lavagem de dinheiro para organizações islâmicas.