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Lava Jato: Fernando Cavendish segue foragido

Defesa quer reverter pedido de prisão de empresário

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A Polícia Federal (PF) ainda não localizou o empresário Fernando Cavendish, presidente da empreiteira Delta Construção, que teve a prisão decretada quinta-feira (30) na deflagração da Operação Saqueador, quando foram presas quatro pessoas acusadas de participar de esquema de corrupção e lavagem de dinheiro por meio de obras públicas, envolvendo a construtora. O empresário  não foi encontrado em casa, no Leblon, zona sul do Rio. Ele deixou o país no último dia 22 com destino à Europa. Segundo o delegado Tácio Muzzi, a PF espera um contato do advogado de defesa do acusado, antes de incluir o nome dele na lista da Interpol.

Informações dão conta de que Cavendish estaria em Ibiza, onde foi participar de uma cerimônia de casamento. A defesa de Cavendish informou que vai tomar providências judiciais para reverter a decretação de prisão do empresário. Em nota, o advogado dele, Técio Lins e Silva, chamou de “insuportável ilegalidade” e “medida extrema” o pedido de prisão. “A defesa de Fernando Cavendish ficou estarrecida com a decretação de sua prisão”, diz a nota. “A prisão foi requerida nos autos de inquérito policial que tramita há mais de três anos, no qual Fernando Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial, nada justificando a adoção desta medida extrema”.

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Outro investigado, Marcelo Abbud, se apresentou espontaneamente à PF, em São Paulo, e deve ser levado para o Rio de Janeiro nesta manhã. Os demais presos na operação, os empresários Carlos Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira, preso em Goiânia, Aldir Assad, preso em São Paulo e o ex-diretor da Delta Construção para a Região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foram transferidos ontem para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, na Praça Mauá. Depois, encaminhados para o Complexo Penitenciário de Bangu, zona oeste.

Operação

A operação da Polícia Federal deflagrada na quinta-feira (30), contra o desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro no valor de R$ 370 milhões em esquemas de contratos com empresas de fachada, trouxe à tona personagens que já protagonizaram escândalos de corrupção num passado recente: Carlinhos Cachoeira e Fernando Cavendish novamente foram nas manchetes em acusações de irregularidades. 

As investigações da Operação Saqueador destacam que entre 2007 e 2012, nada menos que 96% do faturamento da então empreiteira de Fernando Cavendish, a Delta, veio de verba pública - R$ 11 bilhões. Neste período, Sérgio Cabral, amigo de Cavendish, governava o Rio de Janeiro. Os dois aparecem também em outros supostos casos que apontariam favorecimento à Delta em obras públicas. As ligações entre Cabral e Cavendish vieram à tona no episódio do acidente de helicóptero em 2011, na Praia de Trancoso. Na aeronave estava a namorada do filho de Cabral, a estudante Mariana Fernandes Noleto, de 22 anos, além da mulher do empresário Fernando Cavendish.

O grupo de amigos do governador Sérgio Cabral e do empresário Fernando Cavendish saiu do Aeroporto Internacional de Porto Seguro e tinha como destino um hotel de luxo em Trancoso, onde acontecia a festa de aniversário de Cavendish. O acidente tomou proporções para além da esfera criminal e revelou as estreitas ligações entre Cabral e Cavendish.

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O Jornal do Brasil entrou em contato com a assessoria de Sérgio Cabral nesta quinta-feira (29) para que o ex-governador comentasse a nova denúncia envolvendo Fernando Cavendish e Carlinhos Cachoeira. A assessoria de comunicação informou, no entanto, que Cabral não vai se pronunciar.

Recentes depoimentos de ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez investigados pela Operação Lava Jato também dão conta de suposto pagamento de propina Sérgio Cabral em obras envolvendo a Delta. Na reforma do Maracanã, segundo os empreiteiros, mesmo antes da licitação já se sabia que o vencedor seria o consórcio formado pelas empreiteiras Odebrecht e Delta.

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Com Agência Brasil