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'Clarín': Macri cita o Brasil e oferece incentivos às montadoras

Presidente anuncia 5 dias após assinatura do acordo automotivo entre os dois países

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Matéria publicada nesta quinta-feira (30) no jornal argentino Clarín, conta que o presidente argentino enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que prevê a redução de impostos para as montadoras que usarem conteúdo das empresas nacionais de autopeças.

Segundo a reportagem, mais magro do que quando tomou posse em dezembro passado, Macri discursou na Casa Rosada, sede da Presidência argentina, diante de empresários e sindicalistas do setor, além de parlamentares. O anúncio que beneficia montadoras e o setor de máquinas agrícolas não era esperado pelo governo brasileiro. Ele recordou que foi do setor automotivo nos anos 1990 e lamentou que por políticas brasileiras e ausência de medidas parecidas na Argentina, empresas do ramo optaram pelo Brasil.

“Vi com muita tristeza, naquela época, como, por uma má  negociação com nossos 'hermanos' do Brasil, uma grande parte das empresas de autopeças foi para o outro lado da fronteira”, disse Macri.

O Clarín fala que foi uma referência aos incentivos fiscais aplicados pelos estados brasileiros durante os anos noventa. O analista econômico Gonzalo Dalmasso disse que a medida de Macri responde principalmente à política industrial brasileira, com plano de estimulo aos investimentos, de 2013 que beneficiou, disse, empresas de autopeças do Brasil.

“A Argentina tentou que as empresas de autopeças argentinas tivessem o mesmo beneficio que as brasileiras, mas isto não aconteceu, e Macri agora lançou a iniciativa nacional”, disse Dalmasso, que é coordenador de análise setorial da consultoria econômica Abeceb, em entrevista por telefone. Segundo ele, “supostamente” os dois países não poderiam lançar medidas de incentivos, “principalmente fiscal”, já que contam com um acordo automotivo.

O texto do jornal argentino informa que quando perguntado se o Brasil não poderia criticar a medida, anunciada cinco dias após a assinatura do acordo automotivo (renovado por quatro anos com previsão de livre comércio em 2020), o economista respondeu: “Foi uma medida unilateral, mas sabendo que o Brasil não poderá reclamar porque também oferece incentivos fiscais”, disse.

Mas apesar de o governo brasileiro desconhecer a medida até seu anúncio, como contaram fontes de Brasília, analistas do setor descartam “crise” após o anúncio de Macri.

Do lado brasileiro, o governo queria avançar para o livre comércio de automóveis, argumentando que estimularia investimentos e empregos. Do lado argentino, a postura foi por manter e prolongar o acordo que era anual e provisório. Os quatro anos até o livre comércio foram elogiados por montadoras que argumentaram a "previsibilidade" para investimentos.