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Delator aponta propina de R$ 30 milhões para Renan, Jucá e Eduardo Braga

Ex-executivo da Hypermarcas diz que lobistas agiam junto a políticos no Congresso

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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Eduardo Braga (PMDB-AM) são apontados como alguns dos beneficiários de um repasse de R$ 30 milhões. A informação consta na delação premiada de Nelson Mello, ex-diretor de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas, de acordo com reportagem do Estado de S.Paulo desta terça-feira (28).

De acordo com Mello, que firmou a delação com a Procuradoria-Geral da República e depôs em fevereiro, o pagamento foi feito a dois lobistas com trânsito no Congresso Nacional, estes seriam os responsáveis por efetuar os repasses. São eles: Lúcio Bolonha Funaro e Milton Lyra. Ainda segundo o ex-executivo da Hypermarcas, os lobistas diziam agir em nome de políticos e que estes poderiam tomar iniciativas de interesse da empresa e do setor no Congresso.

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também é mencionado por Mello. Segundo ele, Lúcio Funaro se dizia "muito próximo" de Cunha e de outros peemedebistas na Câmara. Já Milton Lyra afirmava agir em nome dos senadores "da bancada do PMDB", os mesmos que teriam sido destinatários da maior parte da propina.

Segundo o Estado de S.Paulo, a PGR pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as afirmações envolvendo políticos sejam investigadas. Os fatos narrados não integram a Operação Lava Jato.

Na Lava Jato, Funaro é apontado como operador de Eduardo Cunha e responsável por viabilizar a saída da propina das empreiteiras para as contas do deputado fora do Brasil. Em outras investigações, foram identificados dois carros (um Hyundai Tucson e uma Land Rover Freelander) em nome de uma empresa da mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz, mas que foram pagos ligadas à Funaro.

Renan e Jucá são investigados na Operação Zelotes, cujo desdobramento apura a compra de medidas provisórias no Congresso. Ambos são suspeitos de terem recebido propina para aprovar Medidas Provisórias de interesse de empresas do setor automobilístico. 

A Hypermarcas afirma que não é alvo de nenhuma investigação e que não se beneficiou de atos praticados por Nelson Mello, que autorizou por iniciativa própria as despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços. A empresa afirma que Mello foi desligado em março e que ele assegurou ressarcimento integral pelos prejuízos causados.