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Amigo de Eduardo Cunha é alvo de mandado de prisão em investigação sobre fraude

Ricardo Magro também é dono da refinaria de Manguinhos

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A Operação Recomeço, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (24), teve como um dos alvos o empresário Ricardo Andrade Magro, amigo e ex-advogado do presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 

Ricardo Magro já havia aparecido na lista do Panama Papers. Ele comandou uma rede de offshores pela firma panamenha Mossack Fonseca, especializada em abrir empresas de fachada em paraísos fiscais. Além disso, Magro também é dono da refinaria de Manguinhos, no Rio.

Na operação de sexta-feira, Ricardo Andrade Magro é suspeito de envolvimento no esquema de desvio de R$ 90 milhões dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na compra de debêntures do Grupo Galileo. 

A PF cumpriu três dos sete mandados de prisão temporária expedidos: do ex-diretor financeiro do Postalis Adilson Florêncio da Costa; do advogado Roberto Roland Rodrigues; e dos sócios da Gama Filho, Paulo César Prado Ferreira da Gama. 

Além dos três, a 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro ordenou a prisão do sócio do Grupo Galileo Márcio André Mendes Costa, do representante legal Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz, do ex-diretor do Grupo Galileo Carlos Alberto Peregrino da Silva, e de Ricardo Magro. A PF não confirmou se estes mandados foram cumpridos.

Além dos mandados de prisão expedidos, a 5ª Vara autorizou busca e apreensão nas residências de Adilson Florêncio da Costa; de Roberto Roland Rodrigues; de Luís Monteiro da Silva; de Márcio André Mendes Costa; de Ricardo Magro; e de Luiz Alfredo da Gama Botafogo Muniz.

Também foram autorizadas busca e apreensão nos escritórios da Galileo Gestora de Recebíveis, que é administrada por Carlos Alberto Peregrino da Silva, Performance Fomento Mercantil, Soma Planejamento e Participação e FCP Serviços de Consultoria Administrativa, que é gerida por Carlos da Gama Cardoso de Oliveira.

Além dessas sete pessoas, outras 46 estão sendo investigadas e seu patrimônio total, que chega a R$ 1,35 bilhão, já foi bloqueado. Por e-mail, a PF informou ao JB que não vai divulgar os nomes dos demais investigados.

De acordo com o delegado responsável, Tacio Muzzi, os suspeitos que estão presos devem ser ouvidos no prazo de até cinco dias. A PF e o Ministério Público Federal (MPF), que atuam em conjunto neste caso, analisam documentos encontrados nos escritórios que foram alvo dos mandados de busca e apreensão. Um dos investigados já teria aceitado fazer delação premiada.

De acordo com a Polícia Federal, foram investidos R$ 100 milhões dos fundos na empresa Galileo Educacional, através da compra de debêntures (títulos mobiliários), com o objetivo de recuperar a Universidade Gama Filho e a UniverCidade, no Rio. Mas, quando o Grupo Galileo quebrou, cerca de R$ 90 milhões foram perdidos.

A investigação encontrou indícios de que os investigados desviaram grande parte dos recursos aportados pelos fundos em favor de sócios e pessoas jurídicas, ao invés de contribuir para a recuperação das universidades.

“As investigações encontraram fortes indícios de que o dinheiro captado foi ilegalmente desviado para outros fins, em especial para contas bancárias dos investigados, de terceiros e de pessoas jurídicas relacionadas aos investigados, o que levou à quebra definitiva da Gama Filho e da UniverCidade, também mantida pelo Grupo, e ao descredenciamento delas pelo Ministério da Educação em 2014, com danos a milhares de estudantes”, diz o texto divulgado no site da Procuradoria.

O esquema teria prejudicado os fundos de Pensão Postalis e Petros, que adquiriram em 2011 as debêntures do Grupo Galileo confiando na recuperação da Gama Filho.