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“Ninguém manda nessa nega aqui”, diz Tia Eron, antes da votação no Conselho de Ética 

Ela e outros deputados se manifestaram antes da decisão sobre cassação de Eduardo Cunha

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Antes da votação no Conselho de Etica e Decoro Parlamentar, nesta terça-feira (14), deputados e líderes se manifestaram sobre o voto do relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO). Uma das manifestações mais aguardadas era a da deputada Tia Eron (PRB-BA): “Ninguém manda nessa nega aqui. Quero olhar nos olhos de cada um. Os olhos refletem o que a boca não tem coragem de dizer. Eu não fui abduzida”, disse, se referindo às criticas recebidas pela sua ausência na última reunião do conselho.

“Chamaram Tia Eron para resolver o problema que os homens desse conselho não conseguiram resolver. Não era para resolver? Tia Eron vai resolver!” disse a parlamentar.  Eron disse ainda que vai votar de acordo com sua consciência, mas não chegou a manifestar publicamente o voto.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirmou que espera que o Conselho de Ética vote pela cassação de Eduardo Cunha. Delgado citou documento do procurador Deltan Dallagnol, que afirmou que “os criminosos modernos usam offshores e truste”. Ele criticou ainda parlamentares que defendem o presidente afastado. “Não sei o que os move para defender o indefensável. As motivações não são aquilo que move a sociedade brasileira”, disse o parlamentar.

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) defendeu Cunha e disse que as acusações contra ele são desprovidas de provas. “O relator não afirma que o truste é conta. Faz uma série de conjecturas. Truste não é conta. Tanto não há provas que a Polícia Federal fez busca e apreensão em todos os endereços de Eduardo Cunha e não resultou em nada”, disse. 

Segundo Marun, porque Cunha comandou o processo de impeachment, contrariou diversos interesses políticos e financeiros. Ele lembrou do caso do ex-deputado Ibsen Pinheiro, que foi cassado e foi comprovada sua inocência. “Será que foi ele [Cunha] que assinou Pasadena? Foi ele que nomeou o presidente da Petrobras? Foi ele o protagonista do mensalão?”, afirmou o parlamentar.

O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) afirmou que a cassação de Cunha é o desejo da sociedade. “Eduardo Cunha é um político corrupto, que será julgado, condenado e preso. E este conselho tem a chance de se manifestar politicamente”, criticou. 

Segundo Gomes, se o resultado não for pela aprovação do relatório, “o melhor é extinguir este conselho, pois deixa de ter autoridade política e moral a qualquer outro deputado que vier a infringir a legislação brasileira”, provocou.

O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) ponderou que a esposa de Eduardo Cunha “foi acusada de comprar algumas bolsas e sapatos” e fizeram disso um escândalo. Segundo ele, a Globo pagou indenização de R$ 5 milhões a ela por dívidas trabalhistas e questionou se essas compras não poderiam ter sido feitas com esse dinheiro.“Eu não estou na Lava Jato, não tenho medo de delação. Voto como julgador. Não se pode julgar para plateia. Aqui temos que votar com a consciência; se a população ficar contra nós, paciência”.

O deputado Zé Geraldo (PT-PA) afirmou que o Palácio do Planalto tem sido aliado de Eduardo Cunha para proteger o parlamentar no Conselho de Ética. “Não podemos decepcionar os brasileiros. Ele fez ameaças a 150 deputados, mas tenho certeza que ninguém neste conselho se sentiu ameaçado”, disse o deputado.

Com Agência Câmara