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'NYT' diz que Brasil é medalha de ouro em corrupção

Jornal questiona imunidade parlamentar

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O jornal norte-americano The New York Times dedicou nesta segunda-feira (6) um editorial sobre a corrupção que assola o Brasil. O presidente interino Michel Temer, em seu primeiro dia no cargo, nomeou um ministério integralmente composto por homens brancos, e obviamente, comenta o NYT, irritou muitos brasileiros, já que o país tem grande miscigenação racial. 

> > > The New York Times Brazil’s Gold Medal for Corruption

Após este fato, descreve o New York Times, sua popularidade foi novamente rebaixada quando sete de seus ministros foram citados pela investigação Lava-Jato, o escândalo de corrupção que abala a política e elite brasileira. 

Ao comentar declarações de Temer de que o Poder Executivo não iria atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, o jornal afirmou: "Levando em conta os homens com que Temer se rodeou, a fala soa vazia".

O texto do NYT analisa que as nomeações, adicionadas à suspeita de conspiração para afastar a presidente Dilma Rousseff, interrompendo assim a investigação da lava-jato, colocam em dúvida a verdadeira intenção do presidente interino Michel Temer. 

Duas semanas após o o início do governo interino, Romero Jucá, ministro do Planejamento de Michel Temer, teve que renunciar após a divulgação de uma conversa telefônica onde endossava a demissão de Dilma, como parte de um acordo entre os legisladores para "proteger todos" os envolvidos no escândalo. Essa era a única forma, disse ele, para assegurar que o Brasil "voltaria a ser acalmar." No mês passado, Fabiano Silveira, o ministro da transparência, cuja função deveria ser o combate à corrupção, foi forçado a renunciar depois de um vazamento semelhante ao de Jucá, onde uma conversa embaraçosa deixava claro suas intenções de afastar Dilma para conter a investigação lava-jato.

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O The New York Times diz que Isto forçou o presidente Michel Temer a prometer que o Poder Executivo não iria interferir com a investigação da Petrobras, que até agora já arrebatou mais de 40 políticos. Considerando os homens escolhidos por Michel Temer, se ele quiser ganhar a confiança dos brasileiros, muitos dos quais têm protestado pela demissão de Dilma, e afirmando ser um golpe, ele e seu gabinete devem tomar medidas significativas contra a corrupção.

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Segundo a legislação brasileira, altos funcionários do governo, incluindo os legisladores, gozam de imunidade contra processos na maioria das circunstâncias. Esta proteção claramente permitiu uma cultura de corrupção institucionalizada e impunidade. Os investigadores descobriram que os contratos da Petrobras incluíam automaticamente uma taxa de propina dirigida aos partidos políticos. A empresa Petrobras reconheceu no ano passado que pelo menos US $ 1,7 bilhões em sua receita tinha sido desviada para subornos.

"Esquemas de corrupção sistêmica são prejudiciais porque elas afetam a confiança no Estado de direito e na democracia", escreveu Sérgio Moro, o juiz federal que supervisiona a investigação da Petrobras, em um texto para o o Americas Quarterly, no mês passado.

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O Brasil não é o único país na região atormentado pela corrupção. Um escândalo na Bolívia detonou a imagem do presidente Evo Morales. A Colômbia começou uma campanha contra a corrupção, em parte em resposta a revelações de propinas em contratos com o Estado. 

Não está claro até que ponto Temer pode conter a corrupção. Se ele é sério mesmo, deve acabar com qualquer suspeita sobre os reais motivos que levaram ao afastamento de Dilma, e defenderá a lei que termina com a imunidade parlamentar para os legisladores e ministros em casos de corrupção.

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