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Delegado é afastado do caso do estupro coletivo de jovem no Rio

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O Ministério Público determinou na madrugada deste domingo (29) o desdobramento do inquérito do caso de estupro coletivo da menina de 16 anos, no Rio. Assim, a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), cujo titular é Alessandro Thiers, ficará encarregada de investigar apenas o vazamento das imagens nas redes sociais, enquanto o caso envolvendo o estupro coletivo vai para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).

A advogada Eloisa Samy Santiago, que defende a menina junto com a advogada Caroline Bispo, comemorou o afastamento do delegado Alessandro Thiers do caso nas redes sociais. 

O estupro coletivo ocorreu há cerca de uma semana, no morro São José Operário, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um vídeo mostrando o crime foi divulgado na última quarta-feira (25), na internet, por um dos 33 homens que participaram da violência.

Thiers havia informado antes que não haveria ainda como provar que houve estupro, e que por isso não teria como pedir a prisão dos envolvidos. Concordou, contudo, que houve o crime de exposição de cena pornográfica da adolescente, pena que vai de 3 a 6 anos de prisão, previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) já havia se manifestado favoravelmente ao desmembramento do inquérito. O MP-RJ se reuniu na noite deste sábado (28) com a advogada da adolescente. 

Os promotores atenderam a três dos pedidos das advogadas, inclusive sobre a necessidade de desmembramento do caso, mas não se posicionaram contra o afastamento do delegado, por entender que essa era uma atribuição da polícia civil.

Na nota, o MP disse que “independente da decisão judicial”, o promotor de Justiça Bruno Lavorato iria expedir ofício pedindo que a investigação sobre o estupro seja conduzida “apenas pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV)” e que as investigações fossem desmembradas, “remetendo-se para a DCAV, Delegacia de Polícia especializada em crimes desta natureza, a investigação do delito de estupro, ficando a cargo da DRCI APENAS o delito de divulgação do vídeo referido".

Também determinou uma medida cautelar assecuratória, em favor da vítima, por analogia às medidas protetivas da Lei Maria da Penha, “tendo em vista o temor à sua integridade física, moral e intelectiva, certo que há notícias de que um dos possíveis autores, denominado de Rafael Belo, vem se aproximando da mesma, a fim de intimidá-la” e com isso dificultando o andar das investigações.

O Ministério Publico também se mostrou favorável a que se averigue se o delegado da DRCI infringiu, durante o depoimento, o artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

"O que me incomodou foi o machismo e a misoginia (repulsa, desprezo e ódio à mulher) com que o delegado está tratando desse caso especificamente, desconsiderando o estupro, colocando o estupro como um crime menor", afirmou Eloisa em outra ocasião. "Quero, primeiro, que se encontre os responsáveis por esse crime, e que a vítima seja tratada com o respeito que ela merece", acrescentou.

A Polícia Civil informou que nesta segunda-feira (30), às 14h, acontecerá a coletiva de imprensa sobre a investigação dos crimes sofridos.

Operação Policial

Paralelamente às investigações da Polícia Civil, a Polícia Militar desencadeou uma grande operação na tentativa de localizar os suspeitos do estupro. A operação cumpre determinação do Comando da Corporação e envolve cerca de 70 agentes das policiais Militares do Grupo de Ações Táticas de todas as unidades e envolve policiais de nove batalhões da Polícia Militar subordinados ao 2º Comando de Policiamento de Área, além de outras duas unidades da PM.

A operação foi desencadeada às 7h da manhã deste domingo na comunidade na Comunidade do São José Operário e estão sendo utilizados 2 cães farejadores, um helicóptero, dois veículos blindados e pelo menos 14 viaturas.

Comandada pelo 9º BPM (rocha Miranda), a operação tem por objetivo, segundo nota da PM, “identificar os criminosos que praticaram o estupro coletivo contra uma menor de 16 anos, para dar maior sensação de segurança a população e na prevenção e repressão os crimes de roubo de veículos, roubo de cargas, roubo de rua e o tráfico de drogas”.

Segundo a nota da PM “não houve resistência, e as equipes estão fazendo uma varredura na comunidade “em busca de indivíduos suspeitos, armas e drogas. Até o momento a Polícia Civil não divulgou um balanço da operação.

* Da Agência Brasil