Candidato derrotado do PMDB nas eleições municipais de São Paulo em 2012, Gabriel Chalita recebeu 97% das doações do próprio partido, o que dificulta o rastreamento dos recursos. Chalita é apontado por investigadores da Lava Jato como o "menino" citado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em conversa com o ex-presidente José Sarney.
Na nova gravação telefônica divulgada ontem, Machado diz que contribuiu a pedido do atual presidente em exercício Michel Temer para a campanha eleitoral do "menino". Os diálogos não revelam de que forma se deu a contribuição.
"O Michel, eu contribuí pra ele. Ajudei na campanha do menino. Até falei com ele num lugar inapropriado", diz Sérgio Machado.
Na conversa, Machado parece sondar o ex-presidente José Sarney sobre se o então vice-presidente Michel Temer pode participar de uma articulação para evitar que sua investigação caia nas mãos de Sérgio Moro.
Temer nega as acusações do ex-presidente da Transpetro. Diz que não foi candidato em 2012, e que nunca se encontrou com Machado em lugar inapropriado.
Chalita era o candidato preferencial de Temer naquela eleição, tanto que ele o acompanhou no dia da votação. Segundo o presidente interino, Chalita era "um nome correto e adequado para o PMDB".
Campanha de Chalita
Segundo a prestação de contas divulgada pela Justiça Eleitoral, a campanha de Chalita recebeu doações de R$ 11,7 milhões. Dos recursos que Chalita recebeu, 97% foram repassados pelo próprio PMDB, o que impossibilita conhecer o doador original do dinheiro.
A prática, conhecida como doação oculta, não é ilegal. Ela é adotada por empresas que não querem se associar diretamente ao candidato.
A direção nacional da sigla doou a Chalita R$ 10,2 milhões, a estadual, outros R$ 500 mil, e o comitê financeiro dos vereadores do partido lhe transferiu serviços estimados em R$ 800 mil.
Entre as empresas que aparecem como doadoras estão a construtora OAS, que investiu R$ 200 mil, e o banco Itaú, que aplicou outros R$ 75 mil.