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Moro alerta para sinais de tentativa de retorno ao "status quo da impunidade"

Juiz comentou as críticas feitas por políticos à Lava Jato, em conversas gravadas

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O juiz Sérgio Moro rebateu, durante evento na noite de quinta-feira (26) em Curitiba, as críticas aos acordos de delação premiada na Operação Lava Jato. Moro destacou que as tentativas de desqualificar delações de presos podem ser “sinais de uma tentativa de retorno ao status quo da impunidade dos poderosos”.

"Fico me indagando se não estamos vendo alguns sinais de uma tentativa de retorno ao status quo da impunidade dos poderosos", disse Moro,  durante XII Simpósio Brasileiro de Direito Constitucional, numa referência às gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado feitas em conversas com o ex-presidente José Sarney e os sendaores Renan Calheiros e Romero Jucá, todos do PMDB.

Para Moro, a possibilidade de negação de um acordo porque o suspeito está preso pode limitar o direito à ampla defesa: "Fico pensando: isso é consistente com o direito da ampla defesa? Não tem que ser analisado dessa perspectiva?"

O juiz voltou a alertar sobre os riscos às conquistas alcançadas pela Lava Jato, e comparou a operação com a italiana Mãos Limpas.

"Em determinado ponto, a Mãos Limpas perdeu o apoio da opinião pública. E a reação do poder político foi com leis, como as que proibiam certos tipos de prisão cautelar ou que reduziam penas", disse.

O juiz acredita que uma parcela de culpa da corrupção sistêmica no país poder estar processo penal brasileiro. "Talvez o excesso de leniência tenha nos levado a chegar no quadro atual. Como chegamos a esse ponto? O que deu errado?"

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