Em mais uma conversa gravada entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, entre fevereiro e março, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), a presidente afastada Dilma Rousseff e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, são os principais temas. Machado teve acordo de delação premiada homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Eles comentam sobre a prisão do marqueteiro de Dilma, João Santana, e mencionam o então ministro da Justiça, sem dar o nome - na época, José Eduardo Cardozo, Wellington Silva e Eugênio Aragão ocuparam o cargo.
SÉRGIO MACHADO: A Dilma não tem condições. Você vê, presidente, nesse caso do marqueteiro, ela não teve um gesto de solidariedade com o cara. Ela não tem solidariedade com ninguém não, presidente.
JOSÉ SARNEY: E, nesse caso, ao que eu sei, é o único que ela tá envolvida diretamente. E ela foi quem falou com o pessoal da Odebrecht para dar, acompanhar e responsabilizar pelo Santana.
SÉRGIO MACHADO: Isso é muito sério. Presidente, você pegou o marqueteiro dos três para o presidente do Brasil. Deixa que o ministro da Justiça, que é um banana, só diz besteira, nunca vi um governo tão fraco, tão frágil e tão omisso. É que estavam dizendo esta semana: a presidente é b*** mole. A gente não tem um fato positivo.
JOSÉ SARNEY: E todo mundo, todo mundo acovardado.
SÉRGIO MACHADO: Acovardado.
Em mais uma gravação, Sérgio Machado e Renan Calheiros conversam sobre as investigações da Operação Lava Jato e sobre a recondução ao cargo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
SÉRGIO MACHADO: Agora uma coisa eu tenho certeza: sobre você não tem nada ainda.
RENAN CALHEIROS: Nesse mistério todo, a gente nem sabe por que eles vivem nessa obsessão.
SÉRGIO MACHADO: Hoje, eu acho que vocês não poderiam ter reconduzido esse b***, não. Aquele cara ali...
RENAN CALHEIROS: Quem?
SÉRGIO MACHADO: Ter reconduzido o Janot. Tinha que ter comprado uma briga ali.
RENAN CALHEIROS: Eu tentei... Mas eu estava só.
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Respostas
A presidente afastada Dilma Rousseff divulgou a seguinte nota:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Acerca da divulgação do teor de conversas gravadas em que se atribui à presidenta Dilma Rousseff a solicitação de pagamento ao publicitário João Santana pela empresa Odebrecht, cumpre esclarecer que:
1. Todos os pagamentos feitos ao publicitário João Santana na campanha da reeleição de Dilma Rousseff totalizaram R$ 70 milhões (R$ 50 milhões no primeiro turno e R$ 20 milhões no segundo turno). Os referidos pagamentos foram regularmente contabilizados na prestação de contas aprovadas pelo TSE.
2. Os valores destinados ao pagamento do publicitário, conforme indica a prestação de contas, demonstram por si só a falsidade de qualquer tentativa de que teria havido outro pagamento não contabilizado para a remuneração dos serviços prestados.
3. É curioso que pessoas que estiveram distantes da coordenação da campanha presidencial, de sua tesouraria, possam dar informações de como foram pagos e contabilizados os recursos arrecadados legalmente para a sua realização. Comentários feitos em conversas entre terceiros e que não apontam a origem das informações não têm nenhuma credibilidade.
4. As tentativas de envolver o nome da presidenta Dilma Rousseff em situações das quais ela nunca participou ou teve qualquer responsabilidade são escusas e direcionadas. E só se explicam em razão de interesses inconfessáveis.
Assessoria de Imprensa
Presidenta Dilma Rousseff
A assessoria do ex-presidente José Sarney disse que, no momento, ele não deseja comentar os trechos da gravação da conversa. A assessoria do senador Renan Calheiros informou, por nota, que o senador agilizou a recondução do procurador Rodrigo Janot ao cargo.