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'Governo não deve interferir na Justiça', diz Sergio Moro

Juiz comentou áudios vazados do ministro Romero Jucá

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O juiz Sergio Moro afirmou nesta segunda-feira (23) que a Operação Lava Jato "não é um seriado" e garantiu que ainda não tem informações oficiais sobre o áudio vazado no qual o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugere um pacto para barrar as investigações da Polícia Federal. "Não tenho comentários específicos sobre essa situação concreta porque eu não estou a par. Já falei isso anteriormente: a Lava Jato não é um seriado. Existe todo um trabalho de investigação e elas continuam normalmente", disse Moro durante um evento em São Paulo que também contou com a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso. De acordo com Moro, "não deve haver nenhuma interferência do governo. Os trabalhos devem ser independentes". Ele ressaltou ainda que "juiz não segue opinião pública" e que todos os processos, inclusive os que citam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estão com os "trâmites dentro da lei". Os áudios de Jucá foram divulgados pelo jornal "Folha de S.Paulo" e se referem a conversas entre o atual ministro do Planejamento e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.    

"Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", afirmou. "Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria", disse Jucá na conversa divulgada. Já Barroso negou que Jucá tenha influência sobre ministros do STF, como o ministro do Planejamento sugeriu em seus áudios vazados, mas confessou que costuma receber todos os políticos que pedem uma audiência. Barroso também elogiou Moro e pediu mudanças na legislação para combater a corrupção no Brasil. "Você precisa de heróis como Moro quando algo não está correto", disse o ministro do STF. "Prisões específicas não vão mudar a mentalidade. Se nós não mudarmos o sistema político amplamente, isso não vai mudar o país", destacou. "Uma das grandes causas da corrupção está ligada ao setor político brasileiro", disse Barroso, comentando que é mais fácil prender uma pessoa por porte de 100 gramas de maconha do que um político corrupto no Brasil. "É preciso por fim ao foro privilegiado. Ou mantê-lo apenas a um grupo bem restrito de autoridades", disse o ministro, acusando a medida de perpetuar a "impunidade".