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Afastado da Câmara, Eduardo Cunha diz que sofre perseguição de Janot e do PT

Deputado disse que argumentos de Teori Zavascki "são absolutamente contestáveis"

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O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) concedeu entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (5), logo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter o afastamento do parlamentar do mandato e da Presidência da Câmara. Cunha argumentou que sofre perseguição do Partido dos Trabalhadores, por ter aceito o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu seu afastamento ao Supremo no dia 16 de dezembro do ano passado.

"É claro que estou sofrendo (perseguição) e vou sofrer retaliação política pelo processo de impeachment (...) o PT gosta de companhia no banco dos réus, essa reação era mais do que esperada, mas isso vai acabar na quarta-feira que vem, se for da vontade de Deus, com o afastamento da presidente da República para que o Brasil possa se livrar dessa era do PT", disse ele, em referência à votação do relatório do impeachment no Plenário do Senado, na próxima quarta-feira (11).

O peemedebista garantiu que vai recorrer da decisão do Supremo, que referendou a ação liminar do ministro Teori Zavascki concedida na madrugada desta quinta-feira (5), e que não há hipótese de renunciar nem ao mandato parlamentar nem à Presidência da Câmara. O deputado contestou, ainda, a urgência da liminar, protocolada por Janot no dia 16 de dezembro e só agora aceita pelo ministro da Suprema Corte.

"A gente respeita a decisão, mas não posso deixar de contestar e estranhar. Vou recorrer  da decisão, tratou-se de uma ação cautelar ingressada em dezembro, estranhamente a liminar foi apreciada seis meses depois, não houve tempo para o devido contraditório (entre a decisão de Teori e a aprovação pelo Plenário do STF horas depois). Se havia urgência, por que levou seis meses? É sabido que há uma desavença grande entre nós e ele (Janot). A procurador-geral, assim que aceitei o processo de abertura de impeachment, fez uma ação de busca e apreensão contra mim, estranhamente essa ação cautelar está sendo votada depois que o impeachment foi votado", argumentou.

Eduardo Cunha afirmou que os 11 argumentos elencados por Teori Zavascki "são absolutamente contestáveis". Ele criticou a decisão de Teori e comparou sua situação à do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que em novembro do ano passado teve prisão preventiva decretada pelo STF, mas não foi afastado do mandato. "Durante o voto, Teori disse que a decisão não tem previsão na Constituição. Ele realça isso no final do seu voto, que foi feita uma construção. Delcídio teve prisão decretada e não foi afastado do exercício do mandato", queixou-se o deputado.

Questionado sobre a alegada interferência no Conselho de Ética da Câmara, onde enfrenta um processo de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar, Cunha disse que esse argumento é "retórica" e atacou o presidente da comissão, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA). "Não fiz (interferência), o presidente do Conselho de Ética é de moral duvidosa, quer holofotes", afirmou.

Há meses, Eduardo Cunha vem sendo acusado de manobrar, com a ajuda de aliados, o Regimento Interno da Câmara para se salvar da cassação de mandato no Conselho de Ética. Seu processo, que já se arrasta por cinco meses, é o mais longo na história da Casa. Cunha é acusado de mentir aos seus pares na CPI da Petrobras, ao negar que fosse titular de contas secretas no exterior. O peemedebista também é réu no Supremo Tribunal Federal por lavagem de dinheiro, corrupção e ocultação de contas no exterior.

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