Nesta quarta-feira (4), a presidente Dilma Rousseff afirmou que vai pedir uma investigação sobre o vazamento do pedido de abertura de inquérito contra ela feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A presidente também reforçou que as denúncias feitas pelo senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), que deram origem ao pedido, "são absolutamente levianas e, sobretudo, mentirosas". Dilma acrescentou ainda que o vazamento, às vésperas da votação do impeachment pelo Senado, foi feito por pessoas "com interesses escusos inconfessáveis".
"Lamento, mais uma vez, que algo muito grave tenha acontecido. O vazamento de algo pela imprensa, algo que, ao que tudo indica, estava sob sigilo e, estranhamente, vaza às vésperas do julgamento do Senado. Aqueles que vazaram têm interesses escusos inconfessáveis. Vou solicitar ao ministro da AGU [Advocacia-Geral da União] que solicite a abertura, no Supremo, para apurar esses vazamentos", afirmou.
Dilma criticou os vazamentos. "Primeiro, você vaza. Depois, se caracterizar que nada há, o dano já foi feito. E o que querem com isso é o dano feito."
Delcídio
A presidente Dilma desqualificou as denúncias do senador Delcídio do Amaral. "São absolutamente levianas e, sobretudo, mentirosas, conforme já reiterei sistematicamente desde que elas apareceram. Aliás, o senador Delcídio tem a prática de mentir e isso ficou claro ao longo dessa questão relativa à sua prisão. Tenho certeza que a abertura do inquérito vai demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade”, declarou a presidente após anunciar, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, a liberação de R$ 202,8 bilhões por meio do Plano Agrícola e Pecuário 2016/2017.
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PGR pede ao Supremo autorização para investigar Dilma, Lula e Cardozo
Em um procedimento que tramita de forma sigilosa, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para iniciar uma investigação contra a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
O pedido é baseado na delação premiada feita pelo senador Delcídio do Amaral (MS). Em uma das oitivas, o senador acusou a presidenta e Lula de terem interesse em nomear, no ano passado, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro para barrar as investigações da Operação Lava Jato e libertar empreiteiros presos. Na época, Cardozo ocupava o cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à Presidência da República nomes de possíveis candidatos.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo, decidir sobre a abertura do pedido de investigação. Ainda não há data para a tomada da decisão.
Outro lado
Em março, após a divulgação dos primeiros trechos da delação de Delcídio, Marcelo Navarro declarou que nunca favoreceu investigados na Lava Jato. "Tenho a consciência limpa e uma história de vida que fala por mim", disse o ministro, na ocasião.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, divulgou nota dizendo que as declarações do senador Delcídio do Amaral são “levianas e mentirosas”. Para Cardozo, “a abertura de inquérito irá demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade, como aliás já anteriormente havia feito quando mencionou ministros do Supremo Tribunal Federal na gravação que ensejou a sua prisão preventiva”.
Cardozo também lamentou que, “mais uma vez, um inquérito silogoso tenha sido objeto de vazamento antes mesmo que quaisquer investigações pudessem ser feitas em relação às inverdades contidas na delação premiada do Senador”.
O Instituto Lula disse, em nota, na época da divulgação da delação do senador Delcídio do Amaral, que o ex-presidente jamais participou direta ou indiretamente de qualquer ilegalidade e que tem havido “jogo de vazamentos ilegais, acusações sem provas e denúncias sem fundamentos”.