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'Clarín': A Argentina entre duas buscas e de olho no Brasil

Escavadeira busca ‘tesouros’ da corrupção e autoridades buscam o fim do “isolamento” do país.

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Matéria publicada nesta sexta-feira (29) no jornal argentino Clarín, analisa que são duas fotografias de um país que parece tentar encarar dois desafios ao mesmo tempo: o combate à corrupção (com atraso, dizem os críticos) e o “fim do isolamento”, como afirmou nesta quinta-feira (28) a ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, durante entrevista à imprensa.

Segundo a reportagem, nos últimos dias, cães farejadores acompanham as máquinas que removem terras nas fazendas do empresário Lázaro Báez, amigo de Nestor e de Cristina Kirchner*, na Patagônia, no sul do país. Esconder dólares em lugares impensáveis (no congelador, no aquecedor, na caixa de luz, no colchão) gerou o termo popular ‘colchón bank’ (banco no colchão) e confirma a tentativa dos argentinos de proteger seu dinheiro num país tradicionalmente marcado pelas incertezas políticas e financeiras. Mas a suposta criatividade de Báez – preso este mês – chama a atenção por seu vinculo principalmente com o ex-presidente Kirchner, segundo diferentes fontes. E pelo volume de riqueza acumulada para um ex-bancário, de acordo com opositores do Kirchnerismo.  

Longe dos holofotes, a Argentina parece avançar “para deixar o isolamento para trás”, como disse a chanceler Malcorra à imprensa nesta quinta (28). Ela acaba de chegar de um giro que incluiu Rússia, Belgica e Nova York (ONU). E nos próximos dias prepara as malas para viajar a China. Malcorra informou que a Argentina espera a visita de “vários” líderes internacionais ainda este ano, além de uma missão empresarial da Europa, conta o jornal Clarín.

Quando perguntada por que os investimentos estrangeiros “demoram” a chegar (depois que a Argentina saiu oficialmente do default - calote - na semana passada), ela respondeu: “Estas coisas não acontecem de um dia para o outro, mas posso atestar que existe enorme interesse”.

De acordo com o diário, ela citou o exemplo da licitação de energia renovável que despertou interesse, contou, não só de americanos e europeus, mas dos árabes. E o mesmo interesse para investir na Argentina, disse, demonstram os chineses – mas ela sugeriu que as regras seriam mais claras do que as estabelecidas no governo anterior. Malcorra acrescentou que o governo assumiu "há apenas quatro meses", em dezembro passado. Na entrevista, às vezes afônica, ela informou que o governo está em “diálogo permanente com o governo brasileiro”.

“Um Brasil forte é o que interessa à Argentina”, finalizou a chanceler ao jornal argentino.