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Lula sugere que Temer "vá para a rua pedir voto" se quiser chegar à presidência

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta segunda-feira (4) que o vice-presidente da República, Michel Temer, “vá para a rua pedir voto” se quiser chegar à Presidência da República, numa crítica ao posicionamento do vice diante do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

“Eu não tenho nada contra o Michel Temer. A única coisa que eu poderia falar é ‘companheiro Temer, se você quer ser presidente da República, disputa eleição, meu filho. Vai para a rua pedir voto”, disse Lula, sob aplausos dos espectadores, em evento de apoio à Dilma em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.

No sábado (2), em Fortaleza, Lula disse que o pedido de impeachment de Dilma é uma tentativa de golpe, e que Temer, por ser jurista, deveria ter o mesmo entendimento.

Por meio de sua assessoria, Temer rebateu as declarações de Lula e disse que, “justamente por ser professor de direito constitucional”, tem certeza “de que não há golpe em curso no Brasil”.

Diálogo

No discurso para os sindicalistas esta noite, Lula disse que se voltar ao governo como ministro, irá restabelecer o diálogo com os movimentos sociais. O ex-presidente ressaltou que sua intenção é “conversar” e não “governar”.

“Se eu voltar para o governo, porque eu dependo de uma decisão da Suprema Corte, quero que você saibam o seguinte: vou voltar a conversar com o movimento social. A gente vai voltar a criar espaço de conversar para que todas as pessoas se sintam participantes das coisas que acontecem nesse país”, disse.

“Se tem alguém que reclama que a presidenta Dilma [Rousseff] não conversa, vai se lascar porque eu vou conversar muito. Você vai governar o país? Eu vou conversar”.

Para Lula, o governo precisa fazer correções na política econômica para priorizar o “povo trabalhador, o povo consumidor e a dona de casa”.

“Eu venho para cá [para o governo], mas nós temos que saber que é preciso a gente dar uma certa consertada na política econômica. A gente tem que saber que é importante a gente governar, conversar com o mercado. Mas o nosso mercado é o povo trabalhador, é o povo consumidor, é a dona de casa, esses são para quem devemos fazer de forma prioritária a nossa política”, disse.

Segundo o ex-presidente, o governo tem que pedir compreensão aos trabalhadores que estão insatisfeitos com a política econômica. “Tem muito peão que, quando tem desemprego, ele fica puto com o governo. A gente tem que compreender que sempre foi assim. Agora, o que nós temos que mostrar para ele é que, quando a mãe da gente erra na mão do tempero da comida para fazer para nós, a gente não joga ela fora não. A gente ajuda ela a fazer uma comida melhor”, comparou.

Mobilização contra impeachment

Lula mostrou-se confiante na mobilização contra o impeachment, e disse que é necessário que a população esteja nas ruas no dia da votação, na Câmara dos Deputados, do processo de impedimento da presidenta Dilma. Por várias vezes durante o discurso do ex-presidente, os militantes repetiram em coro e expressão “Não vai ter golpe”.

“Eu continuo com minha paz e amor. Quem deve estar nervoso são eles, porque o povo foi para a rua quando eles menos esperavam, e o povo está indo para a rua e a gente vai segurar o mandato da companheira Dilma legalmente, como diz a Constituição”, disse.

O ex-presidente disse que os setores conservadores do país se “cansaram” da democracia, em razão de ela ter possibilitado mobilidade social e a eleição de um metalúrgico e de uma mulher para presidir a nação.

“Já se cansaram da democracia. Não porque a democracia não seja boa, mas porque permitiu que, sem dar um único tiro, nós fizéssemos a mais importante revolução social da história desse país. A democracia seria boa se eles ficassem a vida inteira [no poder], mas a democracia permitiu que o peão metalúrgico ganhasse a eleição, permitiu que uma mulher ganhasse as eleições”, disse.

“E ainda eles começam a ficar com medo da gente poder continuar outra vez. O que deixa eles horrorizados é a possibilidade de o Lula voltar em 2018”, acrescentou.

Financiamento de campanha

No discurso, Lula disse que as campanhas eleitorais do PT foram feitas com a colaboração de recursos de empresas, da mesma forma que a maioria dos partidos. No entanto, segundo o ex-presidente, o PT tem lutado contra o financiamento privado das campanhas.

“A impressão que eu tenho é que só o PT faz campanha com dinheiro de empresário. O PSDB deve ir na sacristia pedir dinheiro. E outros partidos também. Eu não conheço ninguém que vendeu a casa para ser candidato, não conheço quem vendeu carro para ser candidato, sempre tem alguém para dar. E qual foi o partido que lutou para que não tivesse dinheiro de empresário, foi o PT”, disse.