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Brasileiros temem mais o desemprego, corrupção e economia, do que zika, diz pesquisa do 'NYT'

Após o Carnaval, o país começa a se conscientizar de outros problemas além do mosquito

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Matéria publicada nesta quinta-feira (11) no The New York Times, por Andrew Jacobs, analisa que o brasileiros encontraram no Carnaval uma saída para se esquecer do zika vírus, frequentando festas, bebendo muito, usando poucas roupas, pensando em desejos carnais, em meio a multidões de foliões, principalmente nas cidades do nordeste. 

A reportagem conta que Mariana Souza, de 26 anos, revirou os olhos quando questionada sobre o vírus Zika. A moça prontamente respondeu: "Eu pareço preocupada?" 

Ela trabalha como caixa em uma loja de vestidos e após a pergunta saindo dançando e gritou: "Pergunte-me na próxima semana, quando o Carnaval acabar".

Apesar do medo e preocupação nas Américas, desde que a Organização Mundial de Saúde declarou alerta de emergência global, milhões de brasileiros esta semana se esqueceram disso e saíram às ruas para comemorar o carnaval. Tal desapego alarmou autoridades de saúde pública, que estão lutando para conter o surto em uma população que já conhece o osquito ha 30 anos - e que raramente toma precauções para evitar picadas, especialmente aqueles mais pobres, que não podem ter telas nas janelas repelentes ou ar-condicionado.

Em entrevistas com dezenas de foliões no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, apenas um punhado expressou preocupação com Zika,  e poucas pessoas usavam calças ou camisas de manga longa, sugeridas pelas autoridades de saúde para prevenir e reduzir a possibilidade de picadas.

"Carnaval no Rio: Uma festa para seres humanos e uma festa para mosquitos," foi a manchete de um jornal, resumindo o estado de espírito dos brasileiros.

A pesquisa realizada pelo jornal concluiu que, em meio ao crescente desemprego, uma moeda em queda livre e um escândalo de corrupção que ameaça a presidente Dilma Rousseff, o vírus Zika passa quase desapercebido entre os brasileiros.

"A maioria dos meus amigos estão mais preocupado em encontrar empregos", disse Andre Oliveira, 38 anos, proprietário de um pequeno hotel em Salvador. Ele observou que a dengue, outro vírus transmitido por mosquitos que matou mais de 800 pessoas no Brasil no ano passado, é muito mais perniciosa. "Se você não é uma mulher grávida, você não precisa se preocupar. Vamos ser honestos: os brasileiros têm problemas muito maiores do que Zika".