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Ex-presidente da Sete Brasil diz que não procurou ajuda política para criar a empresa

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O ex-presidente da Sete Brasil João Carlos Ferraz afirmou que não buscou ajuda de políticos para conseguir capital para criar a empresa em 2011. Segundo ele, a articulação para criar a Sete Brasil não teve coordenação do Executivo.

“Não existiu uma negociação centralizada com o governo. Eu era um nível gerencial dois níveis abaixo de um diretor da Petrobras”, disse. A resposta foi dada ao relator da comissão, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR).

Ferraz participa de reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão para falar sobre o financiamento pelos fundos de pensão Petros (da Petrobras), Previ (do Branco do Brasil), Valia (da Vale do Rio Doce) e Funcef (da Caixa Econômica Federal) na formação de capital da Sete Brasil.

Criação

De acordo com Ferraz, a ideia da criação da Sete Brasil nasceu de um grupo de profissionais da Petrobras coordenado por ele, a partir de uma demanda da diretoria da estatal para construção de sondas de perfuração no País.

“O que fizemos foi identificar as principais dificuldades e alternativas para que o mercado viabilizasse a construção dessas sondas. O que foi feito foi uma busca por recursos. O fundo de pensão tinha os recursos, assim como outras instituições”, afirmou Ferraz.

Para o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), a Sete Brasil foi criada e sustentada pelos diretores da Petrobras. “Hoje sabemos os prejuízos e a dependência da Sete Brasil da Petrobras”, disse o deputado. O parlamentar reclamou de a Petrobras ser o único cliente da Sete Brasil. “Foi um péssimo negócio, mal idealizado, a criação da Sete Brasil é um exemplo de uma postura ideológica de governo.”

Tecnologia e emprego

A deputada Erika Kokay (PT-DF) defendeu a criação da Sete Brasil que, segundo ela, buscou garantir a transferência de tecnologia para o Brasil para construção de sondas e para gerar empregos no País. “Consegui entender a lógica que permeia a construção da Sete Brasil. Pressupõe uma demanda assegurada, que não ficaria restrita à Petrobras, mas iria demandar a construção de sondas contratadas pelo preço do mercado internacional”, afirmou.

Kokay disse que não houve favorecimento à Sete Brasil nas licitações da Petrobras para construção de sondas. “O negócio da Sete Brasil foi um bom negócio, que foi abruptamente encerrado pela Lava Jato. O que cabe agora é estabelecer a renegociação; a Petrobras e o BNDES tem de pagar, e não os fundos de pensão”, afirmou.

Propina a dirigentes

Ferraz disse desconhecer se houve pagamento de propina para os dirigentes dos fundos de pensão que colocaram recursos na Sete Brasil. “Não que seja do meu conhecimento”, afirmou o ex-executivo.

Segundo Ferraz, a negociação com os fundos de pensão começou a partir do Petros, que depois abriu o caminho para os outros três fundos que vieram a colocar recursos na Sete Brasil.

A Petrobras possui atualmente 28 contratos de afretamento de sondas com a Sete Brasil, assinados em junho de 2011 (7 sondas) e agosto de 2012 (21 sondas) e que totalizam 89 bilhões de dólares por prazos de 10 anos (5 sondas), 15 anos (21 sondas) e 20 anos (2 sondas).