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Cunha: "Covardia não faz parte do meu vocabulário"

Em almoço com empresários, em SP, presidente da Câmara falou sobre rompimento com governo

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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse nesta segunda-feira (27), durante almoço-debate promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais - liderado pelo empresário João Doria, que a "covardia" não faz parte do seu vocabulário e não se intimidará por "acusações falsas". "A história não reserva lugar aos covardes. Covardia não faz parte do meu vocabulário", afirmou.

Eduardo Cunha explicou que o rompimento político com o governo foi uma reação "a uma covardia", e garantiu que não se constrangerá com "informações falsas" nem colocará a cabeça "dentro de um buraco", em referência ao fato de ser investigado na Operação Lava Jato, por suspeita de envolvimento com desvio de dinheiro da Petrobras.

"Fui vítima de uma violência com as digitais definidas. Não podia me acovardar e não reagir", declarou. Indagado pelo presidente do grupo Lide, João Dória, sobre a quem pertenciam essas digitais, Cunha respondeu: "Basicamente, foi uma interferência do Poder Executivo, que todo mundo sabe que não me engole", afirmou.

>> Grupo protesta e ameaça ir atrás de Cunha "aonde ele for"

Cunha acusou ainda o governo de "estimular a criação de partidos artificiais para tumultuar", em referência ao apoio de setores do Planalto à recriação do PL com o auxílio do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD).

O presidente da Câmara voltou a defender a saída do PMDB da aliança partidária que elegeu a presidente Dilma Rousseff e disse que, na avaliação dele, atualmente a maioria do partido tem uma opinião contrária ao governo.

Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do Lide Infraestrutura e Paulo Rabello de Castro, presidente do Lide Economia fizeram breves intervenções ao final do evento, alertando para se refletir sobre o momento grave que o Brasil passa. Segundo eles, a economia caminha para um colapso e não podemos ser passivos. A iniciativa deve sair da sociedade civil e por isso sugerem o Pacto Brasil, que contempla ações simultâneas: visão crítica sobre receita tributária, custos e reforma tributária; agenda de desenvolvimento para recuperar economia; revisão das despesas compulsórias do orçamento; redução de estrutura de autarquias; suspensão de abonos salarial; extinção de 20% dos cargos comissionados; redução dos ministérios para no máximo 20, entre outras propostas. Para eles, os políticos precisam urgentemente ouvir a sociedade civil.

Fernando Meirelles, presidente do Lide Conteúdo, divulgou resultados da 106ª edição da Pesquisa Clima Empresarial Lide-FGV, realizada com os empresários presentes ao almoço, que revelou pessimismo acentuado nos resultados. “Os índices continuam apontando notas baixíssimas em todas as esferas, do Municipal ao Federal”, avaliou Fernando Meirelles. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, é uma nota de 0 a 10, resultante de três componentes com o mesmo peso: governo, negócios e empregos.

Segundo ela, a eficiência gerencial e o desempenho dos governos obtiveram: 0,6% para a esfera federal; 5,1% para estadual; e 1,7% para municipal. Para os 64% dos empresários, a situação atual dos negócios piorou. Apenas 12% vão empregar em 2015, 44% pretendem manter o quadro atual e 44% vão demitir.

Entre os fatores que impedem o crescimento das empresas, o cenário político chegou a 57%, ultrapassando a carga tributária (25%). Questionados sobre qual a área que o Brasil mais precisa melhorar, a Política alcançou 44%, seguido de Educação com 27% e Infraestrutura com 17% e Segurança 9%. Com relação ao tema mais sensível para o cenário econômico de 2015, os números apontam a Política, com 80%, e 14% inflação.

A previsão de receita continua a preocupar, segundo os resultados do levantamento: 21% acreditam que o faturamento será melhor este ano em comparação a 2014 e 44% será pior. Segundo a pesquisa, o clima empresarial caiu de 3,3% para 2,1%, fato que, de acordo com o professor Meirelles é um número muito baixo.