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CPI do Assassinato de Jovens no Senado acompanha Mapa da Violência

“É impressionante que metade dos nossos jovens morram por causa de homicídios”, disse sociólogo 

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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Assassinato de Jovens debateu nesta segunda-feira (29) os números apresentados no Mapa da Violência 2015. O estudo mostra que o homicídio é a principal causa de morte entre os jovens de 16 e 17 anos, com mais de dez mortes de adolescentes dessa faixa etária, por dia, no Brasil.

“É impressionante que metade dos nossos jovens morram por causa de homicídios”, disse à CPI o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo, mostrando que essa foi a causa da morte de 46% dos adolescentes de 16 e 17 anos em 2013.

Segundo os dados apresentados pelo professor, o Brasil está em terceiro lugar no número de assassinatos de jovens de 15 a 19 anos, em uma lista de 85 países. “Se nós compararmos com países que têm taxas civilizadas – por exemplo, a Áustria – nós temos 250 vezes a taxa deles. Para cada um menino que morre na Áustria, morrem 250 no Brasil”, disse.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, foi convidado para compor o debate com o professor Jacobo. Para ele, os dados mostram que o debate sobre redução da maioridade penal no Brasil está na contramão do que precisa ser feito. Na opinião dele, os jovens pobres e negros, que são os que mais morrem assassinados, sofrem uma invisibilidade na sociedade, e buscam a violência como forma de se auto-afirmar e chamar a atenção.

“A arma apontada por um menino, um adolescente, pela primeira vez, é um pedido de socorro. É uma tentativa de conexão, um esforço na direção do contato e da abertura de comunicação. O que nós fazemos como sociedade? Lançamos esse menino para uma entidade sócio-educativa, que são sucursais do sistema penitenciário”, afirmou.

Para Soares, esse é um erro, porque resulta em mais violência por parte desses jovens. “Lá dentro, acolhendo esse jovem, está um grupo criminoso. Um grupo que lhe dá reconhecimento, respeito, a possibilidade de ser notado”, explicou.

A resposta da sociedade, na opinião dele, deve ser a de oferecer aos jovens os mesmos benefícios e vantagens dos grupos criminosos, porém no sentido inverso, positivo e construtivo. Isso deve ser feito, de acordo com Soares, trabalhando pelo acolhimento desde a primeira infância, depois controlando a evasão escolar e oferecendo oportunidades reais para os jovens alcançarem oportunidades de emprego e remuneração.

Tanto Jacobo quanto Soares se posicionaram contra a redução da maioridade penal para solucionar o problema de violência enfrentado no país. “O encarceramento não é solução de problema nenhum, na verdade ele é o problema que nós temos que enfrentar”, afirmou o sociólogo.