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Corrupção na Fifa: Senador da CPI do Futebol diz que apesar das denúncias prevaleu a "impunidade"

Álvaro Dias: 'o futebol no Brasil está sempre acima da lei, o que estimula a corrupção'

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O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do dossiê que norteou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol no Senado, em 2001, disse que a impunidade prevaleu depois que várias ações propostas para solucionar o caso. Dias considerou que "o futebol no Brasil está sempre acima da lei, o que estimula a corrupção impune". O parlamentar acredita que a investigação americana "vai bater" na Copa do Mundo no Brasil.

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Na CPI foram apresentados documentos com fortes indícios de crime financeiro e contra o sistema tributário brasileiro. Em um segundo momento, o Ministério Público apresentou as denúncias e a Justiça Federal passou a conduzir os procedimentos. No entanto, o parlamentar lamenta que a atuação dos advogados de defesa de acusados trabalharam para manter o caso sem solução e até hoje ninguém foi penalizado. Um outro ponto levantado pelo senador é o fato de, em se tratando de futebol, "parece que não se leva muito à sério as denuncias no país". Dias ressaltou que os "cartolas brasileiros" foram denunciados na CPI, especialmente o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, além das ligações diretas e indiretas com a Fifa com o suposto esquema de corrupção. 

Após as prisões desta quarta (27) de dirigentes da Fifa pela polícia Suíça a pedido da Justiça Americana, Álvaro Dias quer voltar a discussão do Projeto de Lei (PL) que apresentou no Plenário logo após a Copa do Mundo em 2014, visando dar uma nova configuração política à CBF.

O PL visa uma maior transparência na execução dos campeonatos mundiais de futebol, estabelecendo a política e os instrumentos de fiscalização e controle sobre as entidades responsáveis pelo esporte no país. A iniciativa surgiu após os escândalos da máfia dos ingressos da Copa do Mundo de 2014, que teve como protagonista a multinacional Match Hospitality, empresa parceira da Fifa, envolvida na venda ilícita de entradas para o Mundial no mercado negro internacional. O executivo da Macht, Raymont Whelan, indiciado pelos crimes de cambismo e formação de quadrilha, após ser preso e liberado, teve o seu processo arquivado pela Justiça.

Todos os anos, a CBF teria que encaminhar as suas contas para apreciação no Tribunal de Contas da União, informar a autoridade monetária trimestralmente todas as suas operações financeiras com o exterior, assim como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras sobre as suas operações acima de R$ 5 mil, a Receita Federal passaria a ter a obrigação de, anualmente, fazer uma auditoria tributária na organização, que teria a sua contabilidade concentrada em uma conta-única, sem permissão para abertura de contas paralelas e os seus contratos passariam a ser públicos e disponibilizados na internet. 

Já as federações de futebol, de acordo com o PL de Alvaro Dias, passariam a ter obrigação de encaminhar ao Tribunal de Contas do Estado ou do Distrito Federal as suas contas, anualmente, também informar a autoridade monetária trimestralmente sobre todas as operações financeiras com o exterior, informar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras todas as suas operações acima de R$ 5 mil, de três em três meses, além de passar por uma auditoria tributária da Receita Federal, no caso das federações estaduais. O projeto ainda exige das federações a abertura de contas únicas e os seus contratos disponibilizados na internet. Caso as exigência não forem obedecidas, as federações poderão ter os seus benefícios dados pelo Governo Federal suspensos, assim como o bloqueio das transferências dos recursos de loterias federais.

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