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Prêmio República: 'Jornal do Brasil' é finalista na categoria Jornalismo

Comissão formada por ministros, procuradores da República e autoridades escolheu os melhores de 2014

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A Associação Nacional dos Procuradores da República vai anunciar nesta terça-feira (5/5) os vencedores do III Prêmio República de Valorização dos Membros do Ministério Público Federal. Este ano, a entidade está inovando com a categoria Jornalismo, para premiar as melhores reportagens de 2014, envolvendo a atuação do Ministério Público Federal. O Jornal do Brasil está entre os finalistas, concorrendo com duas reportagens especiais:

>> Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro

>> Aborto legal no RJ: ignorado nos debates eleitorais e desrespeitado pelo governo

Ambas as reportagens são da repórter Cláudia Freitas. A cerimônia ocorrerá na Sala Juca Chaves do Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, em Brasília (DF), às 16h.

A escolha dos finalistas aconteceu no dia 28 de abril, por uma Comissão Julgadora formada pelo presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, ministro do Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin, o secretário de Reforma do Judiciário, Flávio Crocce Caetano, o diretor de Comunicação da ANPR, Alan Mansur, a subprocuradora-geral da República Denise Vinci Tulio, membro titular da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, a fundadora da organização Escola de Gente, Cláudia Werneck, e o vice-presidente Regional Centro-Oeste da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Wanderlei Pozzembom. Foram selecionados os finalistas nas 11 categorias e, entre eles, o primeiro colocado. O colegiado elogiou a qualidade dos trabalhos.

Em sua terceira edição, o Prêmio República apresenta, entre seus finalistas, ações inovadoras, trabalhos históricos e documentos que garantem os direitos da sociedade e a cidadania. A entidade vai oferecer um jantar de comemoração para os vencedores e haverá também um coquetel. 

Sobre as reportagens do 'Jornal do Brasil'

O JB está concorrendo com duas reportagens publicadas no decorrer de 2014, ambas assinadas pela repórter Cláudia Freitas, uma delas teve a participação do Web Designer Rodrigo Quadros. "Os bastidores da Fifa nas vendas de ingressos para a Copa no mercado negro" foi publicada no dia dois de junho de 2014, 10 dias que antecederam o início da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, baseadas em denúncias de um esquema ilícito de distribuição de ingressos para o Mundial, no Brasil e em outros países, envolvendo nomes do alto escalão da entidade com troca de favores e agentes do mercado paralelo. A matéria teve como entrevistado o jornalista britânico Andrew Jennings, autor do livro “Um jogo cada vez mais sujo”, que deu detalhes das transações ilegais. As investigações de Jennings apontavam os irmãos Jaime Byrom e Enrique Byrom, do México, como os grandes vilões nas negociações fraudulentas de ingressos da Copa, desde o Mundial realizado em 1986. Os Byrom são acionistas majoritários das empresas Match Services e Match Hospitality, que prestavam serviços para a Fifa na distribuição dos tickets e hospitalidade durante as competições. 

Jennings revelou três tipos de contrato entre a Fifa e as organizações Byrom: um para tratava da distribuição dos ingressos para os jogos da Copa no Brasil; outro era específico para a acomodação do público estrangeiro no país sede e dos próprios brasileiros que se deslocaram pelas cidades das competições; e um contrato era para cuidar da ocupação dos luxuosos camarotes de vidro nos estádios, com todas as mordomias oferecidas como comidas, bebidas e decoração arrojada. Esse último contrato foi feito através da Match Hospitality, que tinha como um dos sócios o sobrinho de  Joseph Blatter, presidente da Fifa, Philippe Blatter, movimentando a maior soma de valores.

Um mês após a veiculação da reportagem, o executivo da Match Services, Ray Whelan, foi preso no Brasil, durante os jogos da Copa, acusado de comandar uma quadrilha internacional de venda ilegal de ingressos nas quatro últimas Copa. A Polícia Federal constatou que ele já havia sido contratado pela CBF para ajudar na preparação da candidatura do Brasil  para receber o Mundial, na administração de Ricardo Teixeira, nome e esquema citados na matéria. 

Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro arquivou as acusações contra Whelan, por decisão da 6ª Câmara Criminal. Apesar da decisão, a ação contra os outros acusados no esquema continua. Sobre a decisão da Justiça do Rio, Jennings comentou ao Jornal do Brasil: "A decisão de não processar Ray Whelan pode ser visto, inicialmente, como uma sorte para os irmãos Jamie e Enrique Byrom. As provas documentais de todas as Copas do Mundo desde 2002, revelam o envolvimento dos irmãos em vendas de ingressos ilegais, especialmente com o ex-vice-presidente da FIFA, Jack Warner. Mas há mais para vir. Com as provas contra os outros membros da gangue revelado no tribunal, vamos aprender muito mais sobre as operações escuras e secretas de bilhetes da FIFA e da Copa do Mundo". 

A segunda reportagem que está na disputa pelo troféu aborda uma questão polêmica. Evitado nas campanhas eleitorais, o tema aborto ganhou repercussão no ano passado com dois casos trágicos: o de Jandira Magdalena dos Santos, de 27 anos, e Elisângela Barbosa, de 32 anos, vítimas fatais do procedimento em clínicas clandestinas do Rio de Janeiro. Enquanto que no âmbito político as discussões em torno da legalização são polemizadas, o aborto legalizado, ou seja, aquele garantido pela Lei Federal 12.845, tenta subsistir em meio ao desrespeito dos governos estadual e municipal, que além de não divulgar satisfatoriamente o serviço na rede pública, ainda oferecem uma estrutura sucateada, com profissionais despreparados, às mulheres vítimas de violência sexual e em risco de morte. 

A reportagem apresenta números relacionados ao quadro no Rio e entrevista com especialistas.