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Ex-gerente de Abreu e Lima começa a depor na CPI

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Começou há pouco o depoimento do ex-gerente geral da refinaria Abreu e Lima, Glauco Legatti, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Ele foi a acusado por um dos delatores da Operação Lava Jato, o engenheiro Shinko Nakandakari, de ter recebido propina de empresas contratadas pela Petrobras. Legatti está sendo ouvido como testemunha, e se comprometeu a dizer a verdade.

Segundo o delator, os pagamentos para Glauco Legatti "avançaram pelo ano de 2014, inclusive depois que a Operação Lava Jato foi deflagrada".

A refinaria Abreu e Lima começou a operar no final do ano passado, em Pernambuco, depois de ter consumido 18 bilhões de dólares em sua construção. O orçamento inicial era de 2,5 bilhões de dólares. Na semana passada a ex-presidente da Petrobras Graça Foster admitiu que foi um erro a divulgação desse dado e que uma estimativa mais realista de custos seria de cerca de 14 bilhões de dólares. Ela atribuiu o aumento do custo a sucessivas mudanças no projeto original.

No ano passado, a Petrobras apontou o ex-diretor Paulo Roberto Costa, outro delator da Operação Lava Jato, como responsável pelas mudanças nos projetos de construção da refinaria.

Outro delator da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, disse em depoimentos que a construção da refinaria rendeu pagamento de propina para partidos políticos, como o PP, o PSB e o PSDB, que negam a acusação.

Um parecer técnico do Ministério Público Federal (MPF) aponta um superfaturamento de R$ 613,3 milhões nas obras da refinaria.

Propinas

Shinko Nakandakari, delator que acusa Legatti de ter recebido propinas, admitiu ter sido o operador da empreiteira Galvão Engenharia, ou seja, a pessoa encarregada de pagar propinas da empresa para diretores da Petrobras. Em depoimento ao Ministério Público Federal, ele disse que, além de Legatti, pagou propina ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente de Serviços Pedro Barusco – que admitiu à CPI ter recebido cerca de 70 milhões de dólares em propina.

Em todos os casos, segundo Nakandakari, o pagamento de propina foi autorizado e definido previamente pelos executivos Dario Galvão (presidente da Galvão Engenharia), Erton Medeiros (diretor da empreiteira) e Luís Augusto Distrutti (antecessor de Medeiros na empresa). Galvão e Medeiros estão presos em Curitiba (PR), dentro do processo da Operação Lava Jato.

A Galvão Engenharia é uma das empresas acusadas de formal um cartel para obter contratos com a Petrobras. Os executivos presos disseram à polícia ter sido extorquidos por diretores da estatal, sob a ameaça de perder os contratos com a Petrobras.

Próximos depoimentos

Depois de Glauco Legatti, o próximo depoimento da CPI da Petrobras será o de Hugo Repsold, nomeado em fevereiro diretor de Gás e Energia da estatal. O depoimento está marcado para a próxima terça-feira (7 de abril). 

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, vai depor no dia 23. Vaccari é acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, com base em depoimentos da delação premiada (como o de Pedro Barusco), de ter recebido propinas de empresas contratadas pela Petrobras.

Também hoje deve ser marcada data para a próxima sessão ordinária da CPI, destinada à votação de requerimentos. Partidos como o PT, o PPS e o PSOL cobram a votação do requerimento de convocação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado pela Polícia Federal como “operador” financeiro de propinas entre empresas contratadas pela Petrobras e diretores da estatal e partidos políticos – no caso, o PMDB. Ele e o PMDB negam.

A CPI está reunida no plenário 3.