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Maternidade Odete Valadares completa 60 anos em Minas Gerais

Referência estadual em gestação de alto risco, hospital comemora seis décadas de existência

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No ano de 2013, a auxiliar administrativo Natália Severino da Silva, com 28 semanas de gestação gemelar, descobriu, por meio de exame de ultrassom, uma centralização de fluxo do cordão umbilical dos gêmeos. Em suma: uma complicação que acarreta diminuição da oxigenação e de fluxo sanguíneo para determinados órgãos fetais. Foi nesse momento que a Maternidade Odete Valadares (MOV) entrou no seu caminho.

“Até então, estava realizando o pré-natal na minha cidade, Itabirito. Com esse diagnóstico, o meu médico indicou que eu fosse encaminhada à MOV. Logo que fui admitida no hospital, iniciei o uso de corticoides, para o amadurecimento dos pulmões dos bebês. No dia seguinte, foi necessário realizar a cesárea, pois a manutenção da gestação por mais tempo poderia colocar em risco a vida dos dois”, conta Natália. Os bebês nasceram com 600 gramas e um deles viveu por apenas 2 dias.

Começava a luta pela vida de Bernardo– que corria risco de apresentar sequelas devido à prematuridade. Semanas de UTI Neonatal e acompanhamento constante fizeram parte da rotina de Natália e do marido, Kleber, que enfrentavam diariamente a estrada para estar perto da criança. “Me foi oferecido ficar na Casa da Gestante da MOV, mas como já tenho outros dois filhos, tinha que voltar para casa para estar perto deles também”, ressalta.

A recuperação de Bernardo surpreendeu até mesmo a equipe médica: com 72 dias após o nascimento, o menino recebeu alta, sem nenhuma sequela. Natália atribui a rápida melhora, entre outros fatores, à dedicação dos profissionais da Maternidade Odete Valadares.

“O Bernardo teve acesso a uma equipe de assistência multiprofissional maravilhosa. Tive muito apoio de todos os servidores. Uma semana após o nascimento, já estava fazendo o ‘canguru, o que foi maravilhoso para o desenvolvimento dele’, relembra. A MOV é referência estadual na Metodologia Canguru, que visa, entre outros objetivos, priorizar o contato pele a pele prolongado entre mãe e filho. “A equipe do Banco de Leite da Maternidade também foi fundamental, já que estava muito angustiada por ter perdido um dos bebês e, por isso, produzindo pouco leite. Eles me estimularam e me deram todo o apoio para que eu conseguisse amamentar. Todo o hospital foi demais”, revela Natália.

Histórias como a de Natália são frequentes no dia a dia da Maternidade Odete Valadares – referência em Minas Gerais no atendimento à gestação de alto risco – que completa 60 anos no dia 24 de março. Mensalmente, a MOV realiza entre 300 e 350 partos de pacientes da capital e do interior.

 “A Odete sempre foi referência importante, não só na atenção à saúde da mulher, mas também na formação de obstetras que atuam em Minas Gerais, já que foi uma das primeiras instituições a oferecer residência médica em obstetrícia do Estado. A MOV conta ainda com serviços pioneiros, como o Banco de Leite Humano e o Projeto Canguru, que contribuem com umas das principais características da unidade, que é a de ser inovadora”, afirma o diretor da maternidade, Francisco Viana.

A instituição é certificada pelo Ministério da Saúde como Maternidade Segura, Hospital de Ensino e Hospital Amigo da Criança, além de adotar a estratégia Rede Cegonha e o Método Canguru, do qual também é referência e centro formador. Além disso, o Banco de Leite Materno da MOV é o responsável pela formação dos profissionais que atuam nos demais bancos de leite estaduais.

História

A Maternidade Odete Valadares, localizada no bairro Prado, em Belo Horizonte, foi inaugurada em 1955. Desde sua fundação até os anos de 1980, a MOV foi exclusivamente uma "Casa de Parto". De 1956 a 1971, esteve ligada à Santa Casa de Misericórdia. De 1971 a 1976, a Fundação Estadual de Assistência Médica de Urgência - FEAMUR passou a manter a Maternidade e seu caráter filantrópico. Em 1977, integrava a Legião Brasileira de Assistência Social – LBA, passando depois para o Inamps e, em 1991, para a Fhemig.

Em 1980, a Maternidade funcionou como um Pronto Socorro Obstétrico- Ginecológico, com demanda principalmente em gravidez de alto risco, levando à criação do ambulatório de pré-natal, ginecologia e planejamento familiar. Em 1986, a MOV torna-se referência em gestação de alto risco e inaugura o Banco de Leite Humano, tendo como objetivo o incentivo ao aleitamento materno e a redução da mortalidade infantil.

Atualmente, a MOV continua prestando, 100% SUS, assistência integral à saúde da mulher e ao neonato, funcionando também como Hospital Escola, oferecendo oportunidades de capacitação e aprimoramento para profissionais da área de saúde.

Amor pelo ofício

Quem já trabalhou na MOV costuma se referir com muito carinho à instituição. É o caso da auxiliar de enfermagem aposentada, Maria Terezinha da Silva, que atuou no hospital de 1977 a 1998. Momentos de percalços e lembranças afetuosas fazem parte das memórias dos anos vividos na unidade.

“A Maternidade melhorou demais desde a época que comecei a trabalhar lá. E sinto que fiz parte de todas as conquistas, dando o melhor de mim para oferecer um atendimento de qualidade aos pacientes. Enfrentei muitos desafios no início, como atender 32 partos em um plantão de 12 horas... Vi bebê nascendo na admissão do hospital. Mas tudo valeu a pena. Desde os 5 anos, eu falava que queria ser parteira. Saí de Ibiá (interior de Minas Gerais) para estudar e trabalhar em maternidade. Então, o tempo que estive no Odete foi a realização de um projeto de vida. E até hoje me emociono muito ao lembrar de lá. A minha alma está naquele lugar”, recorda Terezinha.

O diretor Francisco Viana acredita que a personalidade aguerrida e comprometida dos servidores é uma das principais características da MOV. “Fico muito feliz de estar, nesse momento, como diretor, participando junto com os funcionários da comemoração dos 60 anos da Maternidade. Queremos envolver todos os servidores nesse momento. Agradeço muito aos nossos trabalhadores, pois são fundamentais para o bom funcionamento do hospital. Mesmo enfrentando desafios diários, todos vestem a camisa e lutam constantemente pela manutenção da qualidade do serviço”, ressalta.

Homenagem

A Maternidade Odete Valadares promoverá uma série de atividades destinadas aos servidores e usuários para comemorar seus 60 anos no dia 24 de março. Decoração festiva, almoço especial e apresentações musicais estão previstas na programação. Às 19h30, haverá uma solenidade para o descerramento da nova placa do Centro Obstétrico, que receberá o nome do médico obstetra aposentado Eribaldo Santana de Souza.

“O Eribaldo sempre foi uma pessoa extremamente presente. Ele representa, para todos os servidores, esse espírito de comprometimento e seriedade. É uma homenagem a ele, mas que também se estende a todos os trabalhadores. Todos os médicos obstetras têm nele uma referência de capacidade profissional e técnica”, conclui Francisco.

A obstetra e ginecologista da MOV, Leni de Oliveira do Nascimento, se emocionou ao falar do colega de profissão que será homenageado. “Ele é um mestre para todos nós. Mesmo não estando mais trabalhando no dia a dia conosco, a sua presença, de alguma forma, ainda é forte aqui. Um profissional sempre pronto e disposto. Temos um carinho enorme por ele”.