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SP: organizadores de festa que terminou em morte são presos em Bauru

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Dois dos organizadores de uma festa universitária onde um jovem de 23 anos morreu, em Bauru, no interior de São Paulo, foram presos pela Polícia Civil acusados de homicídio com dolo eventual e lesão corporal. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. Segundo o delegado que apura o caso, Mário Henrique Ramos, os rapazes coordenavam a comissão organizadora que contava com a participação de membros das repúblicas.

“O que apuramos é que esses dois rapazes faziam contrato com prestadores de serviços, seguranças, ambulância, fornecedores de alimentos e fizeram a compra de bebida alcoólica para vender. Os dois foram autuados por homicídio simples, com dolo eventual uma vez com relação ao Humberto e por três lesões corporais dolosas em relação as duas meninas e ao rapaz que se encontram internados em estado grave, entubados”, explicou o delegado.

Segundo ele, a comissão organizadora negou que promovesse competições que incentivavam o consumo de bebidas alcoólicas. Porém testemunhas afirmaram à polícia que, em um dos torneios, cada estudante se sentava numa mesa, era servido um copo descartável de 50 ml com vodca. Houve quem consumisse entre e 25 e 30 doses.

 “A pessoa virava aquele copo de uma vez e era reabastecido. Entre esse gole, o reabastecimento e o próximo gole transcorria um minuto, dava-se outro gole e assim sucessivamente. Até que sobrasse um só, ou pela desistência dos outros ou por efeitos análogos à vontade deles, como coma alcoólico, vômito, enfim.”

“Embora a comissão tente afirmar que foi um grupo que se reuniu no canto porque quis, nós temos evidências de que era uma prova já programada, elaborada, coordenada e executada pela equipe organizadora. Pode não ter sido efetivamente pelos dois rapazes, por auxiliares, mas efetivamente sob a responsabilidade da equipe coordenadora”, explicou o delegado.

De acordo com o delegado, o socorro prestado às vítimas foi insuficiente e as pessoas contratadas para tanto não tinham preparo. Os estudantes que começavam a passar mal e procuravam atendimento recebiam apenas um copo de chá.

“As pessoas que começaram a passar mal repentinamente por causa dessa competição iam até a ambulância que dava suporte e recebiam também um copo de 50 ml de chá de boldo, pedia-se para que sentasse e esperasse melhorar. E a pessoa ficava ali, não era socorrida, não era transportada. O Humberto especificamente foi até lá, tomou chá de boldo, ficou escorado por um amigo. Como ele não melhorava e foi agravando cada vez mais, ele foi colocado nessa ambulância e foram atrás com ele nesse veículo, foi o amigo dele, o motorista e a técnica de enfermagem foram no banco da frente. Não foi prestado qualquer pré-atendimento, qualquer suporte de vida, nada. Mesmo porque a ambulância não tinha e as pessoas não eram capacitadas para tanto.”, explicou Ramos.

A ambulância ainda não foi localizada pela polícia, bem como o proprietário para prestar esclarecimentos.

“Diante das provas que recolhemos e mais o exame de perícia colhido no local, conduzido pelo doutor Kleber Granja da DIG, e outros elementos de internet tudo, nós concluímos que o fato embriaguez e a intoxicação alcoólica era previsto, previsível e esperado. Tanto é que tinha o chá de boldo”, disse.

Segundo o tenente  Gustavo Barbosa, a Polícia Militar não foi informada previamente sobre a realização do evento. As equipes foram informadas por uma assistente social do pronto socorro, logo depois que o estudante morreu. O corpo do estudante Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, já foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Bauru e será transferido para a terra natal dele, Passos, em Minas Gerais.