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Grafite marca início de campanha pelo fim da violência contra a mulher

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Os muros internos do prédio do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), no centro do Rio de Janeiro, foi o espaço escolhido por um grupo de grafiteiros para expressar, por meio de sua arte, o combate à violência contra a mulher. Cem latas de tintas em spray, 32 metros de parede, muita criatividade e um desejo de um mundo sem diferenças foram suficientes para dar início à campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.    

Os grafites foram inspirados na Plataforma de Pequim, apresentada em 1995 na 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres, na capital chinesa. A grafiteira Panmela Castro, presidenta da Nami, rede feminista de arte urbana que usa o grafite para promover os direitos das mulheres, disse que esse tipo de mobilização é importante para refletir sobre os avanços alcançados.

“É importante para ver o que a gente conseguiu mudar e o que ainda tem que ser mudado. Do que a gente planejou de conquista. Será que a gente conseguiu atingir, será que ainda tem muito para mudar? O que nós mulheres queremos? Hoje é uma oficina onde as pessoas podem expressar por meio do spray o entendimento delas a respeito da temática”.

A gerente de Programas do escritório da ONU (Organização das Nações Unidas) Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, ressaltou que o mundo discute, no momento, a agenda de desenvolvimento pós 2015, quando vence o prazo estipulado para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs). De acordo com ela, a ideia é que a igualdade de gênero esteja entre as novas metas.

“Os países estão acelerando as suas ações para cumprir as metas dos ODMs e, ao mesmo tempo, será definido a agenda pós 2015. Então a ONU Mulheres lançou globalmente a campanha Empoderar as Mulheres. Empoderar a Humanidade. Imagine!, que é a celebração dos 20 anos de Pequim e também uma análise de qual rota seguir nos próximos anos, de forma que seja um processo que informe a elaboração dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para que saia de lá com um objetivo específico de igualdade de gênero e o tema transversalizado nos demais”.

A discussão de Pequim+20 já começou e tem no ano que vem dois momentos definidos: a reunião da Comissão das Nações Unidas Sobre o Status da Mulher, que ocorre sempre no mês de março na sede da ONU em Nova York, e a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro. De acordo com Ana Carolina, não será feita uma nova conferência das mulheres porque o atual instrumento de luta continua válido.

“Decidiu-se por fazer uma série de eventos e uma campanha global em que seja difundido o instrumento, porque consideramos que ele é atual. Apesar dos avanços que tivemos, ele continua sendo o instrumento que dá conta da complexidade e dos pontos em que precisamos avançar. As demandas não mudaram muito, infelizmente”, disse.

No Rio de Janeiro, a Praça Condessa Paulo de Frontin, no Rio Comprido, recebe no dia 28 o evento Cine Mulheres na Praça, com a exibição do filme Minha Mãe É uma Peça, e um debate sobre a violência contra a mulher. No dia 5 será a vez do Parque Madureira. No dia 1º será lançado o Grupo de Trabalho Feminização do HIV/Aids, na Cinelândia. A prefeitura também promove, no dia 4 de dezembro, o seminário Violência contra as Mulheres: Por quê?, na Caixa Econômica.

De acordo com a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Ana Rocha, o objetivo é dar visibilidade ao tema e apontar soluções. “Vamos debater de forma geral os por quês da violência, os avanços e os desafios da Lei Maria da Penha e a transversalização no combate à violência: violência no trabalho, na política, na mídia”.