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Estupros na USP são "questões de polícia", minimiza reitor

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O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antônio Zago, minimizou nesta segunda-feira a participação da instituição na investigação de casos de estupro que teriam sido cometidos dentro da Faculdade de Medicina da própria USP contra alunas do curso. Para o reitor, que é médico, “questões desse tipo são de natureza policial, são criminais”. “A Universidade de São Paulo, obviamente pela sua enorme extensão, seu enorme tamanho, tem ocorrências como em qualquer local da sociedade”, disse Zago.

No último dia 11, uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado trouxe à tona relatos de alunas que afirmam ter sido estupradas ou sofrido algum tipo de violência por outros alunos do curso, em festas realizadas dentro da faculdade. O Ministério Público também investiga o caso – até agora, ao menos oito denúncias já foram formalizadas.

Zago falou com a imprensa após o evento “A USP e a Sociedade”, que, durante quatro semanas, discutiu temas referentes à relação entre a instituição – que, em 2014, completa 80 anos –, e a sociedade civil. Hoje, por exemplo, um dos convidados para falar sobre a produção científica da universidade foi o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Indagado sobre a ação da USP na investigação das denúncias, Zago afirmou que situações de violência “ocorrem, devem ser tratadas com a devida atenção tanto pela universidade, em seus aspectos educativos, como pelo Ministério Público, naquilo que diz respeito a crimes”. Que ações adicionais a USP então estaria dotando em relação às denúncias, já que os estupros teriam ocorrido dentro da Faculdade de Medicina? “Em festas de estudantes?”, ironizou o reitor. “Alunos da faculdade de medicina da USP”, insistiu a reportagem. “Em festas de estudantes?”, devolveu Zago.

“Tenho a impressão de que tudo o que a USP pode fazer (para colaborar com as investigações), ela deve fazer e está fazendo”, disse o reitor, recusando-se a responder quais medidas, exatamente, estariam em andamento. Mas refutou, por outro lado, também sem detalhes, que a instituição estaria sendo omissa na apuração desses casos –dentre os quais um funcionário terceirizado da faculdade chegou a ser indiciado, semana passada, suspeito de ter estuprado uma aluna em uma festa no campus há três anos.

Nesta quarta-feira, a Congregação da Medicina -- órgão máximo da Faculdade de Medicina da USP – se reúne para anunciar que medidas serão adotadas diante das denúncias. Elas terão por base um relatório confeccionado por uma comissão da faculdade criada para analisar os casos relatados.