ASSINE
search button

Juiz decreta prisão de Fernando Baiano, que nega ter beneficiado partidos

Em depoimento, lobista afirmou ter começado a negociar com Petrobras ainda em 2001

Compartilhar

Nesta sexta-feira (21), em depoimento de mais de três horas à Polícia Federal de Curitiba, o lobista Fernando Baiano afirmou ter realizado e intermediado negociações na Petrobras. Porém, de acordo com o advogado de Fernando Baiano, Mário de Oliveira Filho, o lobista teria dito que nenhum dos negócios ocorreu em benefício a partidos. Ainda no depoimento, Baiano teria dito que o doleiro Alberto Youssef chegou realmente a pedir que fossem feitas operações para campanhas políticas, mas os pedidos haviam sido recusados. Na última sexta, foi decretada a prisão preventiva do lobista.

Fernando Baiano foi apontado por Youssef como sendo o operador do PMDB dentro de um suposto esquema de corrupção envolvendo a estatal Petrobras. O PMDB, o PT e o PP negam o esquema de corrupção, denunciado em um acordo de delação premiada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo Paulo Roberto, os três partidos teriam recebido dinheiro de propina no esquema.

No depoimento, que começou às 14h30 e encerrou por volta das 17h30 desta sexta, Baiano teria afirmado que as negociações com a Petrobras tiveram início ainda em 2001, durante o mandato presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, teria sido feita a intermediação com uma empresa da Espanha para a manutenção de termoelétricas. O advogado de Baiano afirmou que o lobista teria dito ter conhecido Youssef através do intermédio de Paulo Roberto Costa. Alberto Youssef teria, na ocasião, solicitado doações para campanhas sob a justificativa de que todas as empresas também faziam esse tipo de transação.

O lobista Fernando Baiano admitiu ainda ter dinheiro em paraísos fiscais, mas alegou que todo o valor já foi declarado à Polícia Federal. O advogado de Baiano afirmou que, no depoimento desta sexta-feira, o lobista fez o máximo para colaborar com as investigações – mas na última quarta-feira, foi desmentida possibilidade de Baiano oferecer uma delação premiada à investigação.

Ainda na sexta, o juiz federal Sergio Moro decretou a prisão preventiva de Fernando Baiano. Desde terça-feira (18) Baiano estava preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, e ficaria em prisão temporária somente até este sábado (22). Contudo, com base no parecer do Ministério Público Federal, foi decretada a prisão do lobista por tempo indeterminado.

Lavagem de dinheiro

Cerca de R$ 10 bilhões teriam sido movimentados no esquema de lavagem de dinheiro investigado pela Operação Lava Jato. De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público, o esquema teria sido responsável por desvios de recursos da Petrobras. A atual fase da operação investigou executivos e funcionários ligados à nove grandes empreiteiras que possuem contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras.  Uma parte desses contratos segue sob investigação e 24 pessoas já foram presas na operação, das quais 13 continuam na cadeia – entre elas o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.

*Do programa de estágio JB