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"Meu filho não era drogado", diz pai de jovem morto na USP                  

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Os pais do estudante Victor Hugo Santos, 20 anos, encontrado morto na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP) no dia 23 de setembro após uma festa no campus, disseram nesta sexta-feira que o jovem “não era um viciado” em drogas. Laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) aponta que o jovem morreu afogado após consumir a droga 25B-NBOMe, uma substância sintética similar ao LSD.

“Querem associar meu filho a um viciado, mas ele nunca foi viciado (...) Meu filho não era um drogado”, disse José Marques, pai de Victor, em entrevista coletiva em São Paulo. Marques, no entanto, não descartou a possibilidade de que o filho tenha usado drogas na noite da morte. “Eu quero saber quem ceifou a vida do meu filho. Pode ter sido a droga, pode ter sido uma pessoa. Só queremos saber a verdade”, continuou.

Os pais também resolveram falar à imprensa para anunciar que vão contestar o laudo do IML. Para o advogado Ademar Gomes, que representa a família, o laudo é “inconclusivo” e “não esclarece a verdade”. “Inicialmente foi dito que o corpo tinha um hematoma no olho e escoriações. Vamos questionar isso”, afirmou Gomes. O advogado disse ainda que irá contestar a conclusão de morte por afogamento, visto que o jovem “sabia nadar”.

O laudo do IML também aponta que não havia álcool no organismo do jovem, contrariando relatos de amigos, que afirmam que Santos bebeu na festa. O corpo foi encontrado três dias após o desparecimento de Santos, que teria sumido depois de sair sozinho para comprar cerveja. Na época, análise preliminar de peritos da Polícia Civil apontou que o corpo não tinha sinais de afogamento.

Laudo 'nebuloso' 

A advogada Roselle Soglio, especialista em perícia criminal, analisou o laudo do IML e disse que o documento tem pontos “nebulosos”. “A asfixia mecânica por afogamento tem aspectos muito particulares que não constam no laudo. Existindo esses elementos, não é comum que não estejam no laudo. Então estou tomando como verdade que esses elementos não existiram”, disse Roselle.

O primeiro ponto indicado pela advogada é a inexistência do chamado “cogumelo de espuma”, que se forma entre o nariz e a garganta dos mortos por afogamento. “É uma característica muito peculiar, mesmo dias após a morte”, afirmou. “Esse elemento só não está presente no caso chamado ‘afogamento branco de Parrot’, que é um falso afogamento. Se fosse esse o caso, isso também estaria no laudo”, completou.

Segundo o IML, a concentração de droga encontrada no organismo do jovem era de 1 nanograma por mililitro de sangue. "A este quadro de intoxicação, o qual já comprometia a vítima, somou-se uma asfixia mecânica modalidade afogamento, que se constituiu na causa terminal da morte", diz o laudo.