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Médicos que retiraram órgãos de menino vivo têm júri adiado em MG

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Marcado para começar nesta quinta-feira no Tribunal do Júri de Poços de Caldas, o julgamento dos três médicos acusados pela retirada irregular de órgãos de um menino de 10 anos em Minas Gerais foi adiado após pedido do Ministério Público. O órgão alegou não ter havido tempo hábil para examinar o processo, volumoso e de natureza complexa, e acrescentou que, devido a uma campanha massiva de propaganda, os jurados não teriam isenção para decidir. O julgamento foi remarcado para outubro.

Durante a sessão, o promotor Sidnei Boccia Pinto de Oliveira Sá pediu a transferência do júri para outra comarca, argumentando que a esfera de influência dos réus é grande e que Poços de Caldas é a maior comarca da região. Ele solicitou que o julgamento ocorra em Belo Horizonte. Boccia sustentou que, por duas semanas, a Associação dos Médicos de Poços de Caldas fez inserções no rádio e na TV, em horário nobre, defendendo a inocência dos réus. “Com isso, seria difícil que eles julgassem com isenção”, declarou, acrescentando que se tratava de abuso de poder político e econômico por parte da entidade, que deveria ser responsabilizada pela não ocorrência do júri neste momento.

Em seguida, o juiz Narciso de Castro examinou e deferiu o pedido de adiamento por três meses proposto pelo promotor Francisco Santiago. Na ocasião, o magistrado remarcou nova data para o julgamento: 9 de outubro, às 8h. Quanto à transferência, ele esclareceu que o pedido deve ser apreciado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

O caso 

Os três médicos foram condenados em fevereiro de 2012 com penas que variam de 14 a 18 anos em regime fechado. Eles responderam pelo crime de remoção de órgãos, com o agravante de a vítima estar viva, resultando em morte. O crime ocorreu em 2000, na cidade de Poços de Caldas, quando Paulo Veronesi Pavesi, 10 anos, estava internado após cair do prédio onde morava. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o menino passou por procedimentos inadequados e teve os seus órgãos removidos para posterior transplante, por meio de diagnóstico forjado de morte encefálica. 

Outros quatro médicos também foram denunciados no mesmo processo, mas vão responder por homicídio qualificado e remoção de órgãos. O processo deles foi desmembrado em outubro de 2011. Na época, o juiz Narciso Castro determinou que eles fossem levados a júri popular.