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Manifestantes pedem em São Paulo liberdade para presos em protesto

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A Frente Independente Popular (FIP) de São Paulo faz hoje (30) seu primeiro ato público na cidade. Concentrados na Praça da Sé desde as 17h, os integrantes do movimento prepararam cartazes e faixas para pedir a libertação de pessoas que foram presas em razão de protestos públicos.

Detidos durante protesto contra a Copa do Mundo, Fábio Hideki e Rafael Luvarsghi estão presos desde o dia 23 de junho. Similar ao movimento criado há cerca de um ano no Rio de Janeiro, a FIP reúne ativistas independentes, movimentos sociais e coletivos. A Polícia Militar estima que 100 pessoas estão no local. Por volta das 18h30, o grupo saiu em caminhada pelas ruas do centro.

De acordo com uma das ativistas da FIP, que não quis se identificar, a frente se organizou também em São Paulo por compartilhar dos princípios propostos pelo movimento. Entre esses princípios, destaca-se o fato de os militantes serem contra as eleições, por acreditarem que o sistema representativo está a serviço somente de quem tem dinheiro.Com o ato desta quarta-feira, a FIP pretende também denunciar injustiças e abusos do Estado contra a população, além da "manipulação midiática". Durante o protesto, foram feitas ainda moções de apoio aos palestinos, por causa do conflito com Israel, que já fez mais de mil mortos na Faixa de Gaza.

Um dos participantes do ato é o padre Júlio Lancellotti, membro da Pastoral de Rua da Igreja Católica, que presenciou a detenção de Hideki e diz que o flagrante foi forjado. Lancelotti acompanha a prisão dos jovens e conta que visitou ontem (29) Rafael na carceragem de uma delegacia.“Conversei com ele na grade. Aparentemente, ele está bem, mas está cansado de estar nessa condição há um mês”, apontou. Lancellotti disse que Rafael ainda não passou por audiência na Justiça. “Ele não tem informações sobre o andamento [do caso]. Pedi ao defensor público que o acompanha que fosse lá também para baixar a ansiedade”, acrescentou.

O padre também tentou visitar Hideki no Presídio de Tremembé, mas a direção da unidade não autorizou sua entrada, alegando que a assistência religiosa é feita em horários específicos. “Íamos acompanhar uma comissão de parlamentares, mas não pudemos”, relatou.Para Lancellotti, a prisão  de manifestantes, não só em São Paulo, têm caráter de intimidação e é uma tentativa de inibir as mobilizações. “Há muitos manifestos da ilegalidade e, em alguns casos, como o de Fábio e Rafael, é evidente que [as provas] foram forjadas.” Ele conta que presenciou a revista de Hideki no Metrô Consolação e viu que não havia nenhuma irregularidade na mochila do jovem.