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CNV colhe o depoimento de dois comandantes da Base Aérea do Galeão

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A Comissão Nacional da Verdade colheu o depoimento dos brigadeiros reformados Jorge José de Carvalho e Antônio da Motta Paes Júnior, ex-comandantes da Base Aérea do Galeão, entre os anos de 1971 e 1974. Foi na Base Aérea do Galeão que Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, foi morto sob tortura em maio de 1971. O quartel foi o local de detenção de vários presos políticos.

O depoimento de Carvalho foi colhido pelo membro da CNV José Carlos Dias e assessores da Comissão. Ele comandou a Base Aérea do Galeão entre 1971 e 1972 e disse não saber se Stuart Angel foi preso lá. Segundo ele, apesar de comandante exercia atividade operacional e não possuía ligações funcionais com os oficiais e agentes do Cisa, a inteligência da Aeronáutica. “O que era crime político, era Cisa”, afirmou.

Ao ser questionado sobre diversos oficiais do Cisa que atuaram no Galeão, Carvalho afirmou não reconheceu os nomes da grande maioria. O ex-comandante, contudo, disse conhecer o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, comandante do III Comando Aéreo a época, e disse querer resgatar a memória dele. Carvalho diz não acreditar que Stuart Angel possa ter sido enterrado na Base Aérea de Santa Cruz e que, se lá esteve com Burnier, como alega em depoimento o capitão Álvaro Moreira, foi por outro motivo.

“O brigadeiro pode até ignorar os fatos, mas tudo isso aconteceu no porão da casa dele”, afirmou José Carlos Dias sobre o depoimento.

Enquanto a CNV terminava o depoimento de Carvalho, o brigadeiro reformado Antônio da Motta Paes Júnior, comandante da Base Aérea do Galeão entre 1973 e 1974, que não havia inicialmente confirmado sua presença,  foi até o Arquivo Nacional e respondeu às perguntas formuladas pelo coordenador da CNV, Pedro Dallari.

Paes Júnior reconheceu a presença do pessoal da área de informação e segurança no Galeão e atestou que atuava de forma independente dentro da base. Ele afirmou que “recebeu instruções superiores para não intervir nas atividades do serviço de inteligência da Aeronáutica”, informou Dallari.

Entre os demais agentes públicos convocados para depor pela CNV, o general Newton Cruz, que responderia sobre o caso Riocentro, e Ary Casaes, que foi comandante da Base Aérea de Santa Cruz entre 1970 e 1972, alegaram motivo de saúde para não depor perante a Comissão. Cláudio de Almeida Aguiar não foi localizado pela PF, pois mudou-se recentemente. Irio de Paula Bastos faleceu em 09 de junho passado, segundo a Polícia Federal, responsável pela intimação dos depoentes.

Nove agentes públicos convocados e um empresário que pediu para depor para denunciar corrupção no governo militar prestaram depoimento à CNV entre 25 e 30 de julho. A semana de depoimentos no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro termina na sexta-feira, 1 de agosto.

Para amanhã (31/07), estão convocados para depor, às 10h, o coronel reformado Wilson Machado, que era capitão do Exército e dono do carro em que explodiu uma das bombas do Riocentro, que matou seu colega na operação, o sargento Guilherme Pereira do Rosário, e o feriu gravemente. Às 15h ocorrerá o depoimento reagendado de Nelson da Silva Machado Guimarães, ex-juiz da 2ª auditoria da Justiça Militar Federal de São Paulo.