ASSINE
search button

Foto mostra coronel em acidente de Zuzu Angel

Apresentada hoje, a fotografia mostra Perdigão à paisana próximo ao carro da estilista.

Compartilhar

A foto que mostra o coronel, então major, Freddie Perdigão, que atuou no DOI-Codi de São Paulo, na Casa da Morte em Petrópolis e coordenou o atentado ao Rio Centro, na cena da morte de Zuzu Angel, foi apresentada nesta sexta-feira (25) à Comissão Nacional da Verdade (CNV), em Brasília. A foto, em baixa resolução, foi apresentada durante o depoimento do ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Claudio Guerra, que aconteceu nesta quarta-feira(23).

Na foto original, em preto e branco, é possível reconhecer Perdigão, falecido em 1997, vestido à paisana, próximo ao carro acidentado de Zuzu Angel. Segundo o CNV, a imagem ajuda na confirmação de que a estilista teria sido vítima de um atentado de responsabilidade do governo militar, fato negado pelos militares até hoje. 

Coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirma que junto com "outros elementos" obtidos pela comissão é possível indicar que o acidente da estilista foi planejado. "Temos outros elementos que nos permitem ir convergindo para essa conclusão do assassinato da Zuzu Angel. Você não forma convicção a partir de um único elemento, é um indício, mas há alguns outros elementos que estamos pesquisando. Vai nessa direção e faz todo sentido", disse Dallari. "Até hoje as Forças Armadas insistem em negar que Zuzu Angel tenha sido vítima de um assassinato", afirmou.

Em depoimento,  Guerra e lembrou de uma conversa entre ele e Perdigão. "Éramos confidentes, frequentávamos a casa um do outro. Um dia ele me disse que havia planejado simular o acidente dela e estava preocupado pois achava que havia sido fotografado na cena do crime pela perícia". 

Novos depoimentos

Como parte das investigações sobre o caso Stuart Angel,  o coronel reformado da Aeronáutica, Antônio Augusto Mendes de Matos, que comandava a Base Aérea do Galeão durante a ditadura, foi chamado para prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), durante a tarde desta sexta-feira (25).

Conhecido como "tenente Mendes" à época, o coronel foi vago ao responder as perguntas sobre possíveis presos na base aérea, durante a ditadura. Ouvido por Dallari e por assessores da comissão, Mendes negou a existência de prisões de civis na base e a participação no desaparecimento de Stuart Angel. "Ele prestou algumas informações sobre a estrutura e funcionamento da base, mas nada sobre a tortura e morte na Base do Galeão", afirmou Dallari.

Militante do grupo guerrilheiro MR-8, Stuart Angel teria sido preso e torturado na base aérea do Rio de Janeiro e até hoje é considerado desaparecido.

De acordo com a assessoria da CNV, "o mutirão de depoimentos continuará no Rio de Janeiro a partir de segunda-feira (28) e prosseguirá até sexta-feira, dia 1º de agosto".

Zuzu Angel

Zuzu Angel teve um papel ativo na resistência e denúncia durante o governo militar. A estilista, reconhecida internacionalmente, travou uma batalha contra a ditadura, em busca do corpo do filho e fez com que a situação do Brasil repercutisse internacionalmente e acabou se tornando uma figura incômoda ao regime militar.

Sua luta e busca dos culpados pela morte e desaparecimento do filho só acabaram em 1976, após sua morte em um suposto acidente de carro, na saída do túnel Dois Irmãos, em São Conrado, atualmente batizado com seu nome.

Em 1998 a Comissão Especial dos Desaparecidos políticos julgou o caso e reconheceu o governo militar como o responsável pela morte da estilista.

* do projeto de estágio do JB