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TJ aceita denúncia contra acusados de matar zelador em SP 

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O juiz da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana (zona norte de São Paulo), Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, aceitou nesta terça-feira denúncia do Ministério Público pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo contra a advogada Ieda Cristina Martins, 42 anos, e o publicitário Eduardo Tadeu Pinto Martins, 47 anos. Eles são acusados de matar o zelador Jezi Lopes de Souza, 63 anos, em São Paulo, em maio deste ano, e haviam sido indiciados pela Polícia Civil no último dia 15.

Na decisão, à qual o Terra teve acesso com exclusividade, o juiz também decretou a prisão preventiva de Ieda, que está presa no Rio suspeita de participar do assassinato de seu ex-marido, José Jair Farias, em 2005. O TJ paulista deve requerer nesta quarta-feira à Secretaria de Administração Penitenciária do Rio a transferência da advogada para o Estado de São Paulo. O publicitário já está preso.

O publicitário confessou ter matado e esquartejado o zelador do prédio após uma discussão em seu apartamento. Para o juiz, porém, o inquérito policial “não exclui a participação de Ieda” no crime, o que é negado pela advogada.

A fraude processual, destacou o magistrado, teria se provado pelo fato de os acusados terem adulterado a cena do crime, bem como fato de o corpo da vítima ter sido retirado do local “com o fim de induzir em erro o perito e o juiz criminal”.

O despacho observou ainda que Martins foi encontrado em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, transportando arma de fogo e munição sem autorização, além de possuir, em casa, uma carteira de identidade falsa.

“Consta que os acusados possuíam, escondidos no guarda roupas do quarto do casal, um coldre de cor preta, 11 (onze) munições de calibre 380, um cano de pistola calibre 380 e dois abafadores sonoros para arma de fogo (silenciadores)”, enumerou o juiz, na decisão.

Para justificar a prisão preventiva da advogada, o juiz afirmou que os “acessórios de arma de fogo e munição” encontrados na casa dela demonstram “acentuada periculosidade” e justificam a prisão ante a necessidade de garantia da ordem pública.

No último dia 14, a Polícia Civil recebeu um laudo segundo o qual as manchas de sangue encontradas na porta de entrada do apartamento e na parede do corredor eram do zelador. O exame feito na bota que Ieda usava no dia do crime deu negativo para presença de sangue, assim como os tapetes e o porta-malas do carro. Segundo a polícia, o corpo do zelador foi transportado dentro de uma mala até Praia Grande, no litoral de São Paulo.

Tanto a advogada quanto o publicitário têm dez dias para apresentação de suas defesas por escrito. A partir dela, o processo segue com parecer do Ministério Público e depoimentos de testemunhas de acusação e de defesa.

A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos réus.

O crime

Na sexta-feira (30 de maio), por volta das 16h, Jezi foi ao apartamento do publicitário, no prédio aonde trabalhava como zelador, na zona norte de São Paulo, entregar a correspondência – conforme imagens de câmeras de segurança do edifício.

Eles teriam discutido por "coisas banais, coisas de condomínio", relatou o delegado da 4ª Delegacia Seccional de São Paulo, Ismael Rodrigues. Eduardo desconfiava que o zelador furtava seus jornais, além de ter um atrito por questões de vaga em garagem. Após discutirem, os dois teriam entrado em luta corporal, quando, segundo o suspeito, a vítima caiu, bateu a cabeça no batente da porta e morreu.

A filha de Jezi, Sheyla Viana de Souza, 27 anos, relatou que uma moradora lhe contou "ter ouvido gritos de discussão, pedindo para parar e, ao olhar pelo olho mágico do apartamento, teria visto o morador (Eduardo) fechando a porta."

No sábado, o publicitário teria colocado o corpo em malas dentro do porta-malas do carro e ido para Praia Grande, na casa do pai - que, segundo a polícia, provavelmente não sabia do crime -, onde deixou o corpo. Em seguida, ele retornou para seu apartamento em São Paulo. A polícia ouviu informalmente Eduardo neste dia.

No domingo, o suspeito retornou à casa em Praia Grande. Usando um serrote, ele esquartejou o corpo do zelador, antes de retornar novamente