"Eu não leio FCH (Fernando Henrique Cardoso)", afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira ao ser questionado sobre as críticas de seu antecessor publicadas ontem em um artigo. Em “FHC para Lula: o Brasil se cansou de ataques infundados”, o tucano reclamou dos insistentes ataques do petista ao governo do PSDB e avaliou que Lula deveria reconhecer os escândalos de seu próprio governo, citando o processo do mensalão.
De acordo com a assessoria de imprensa de Lula, este foi o único comentário do petista a respeito do assunto durante a inauguração da central mecanizada de triagem Carolina Maria de Jesus, em Santo Amaro, na capital paulista. O ex-presidente esteve no local como convidado do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
O artigo de FHC foi publicado no site Observador Político, que é dirigido pelo ex-deputado Xico Graziano (PSDB-SP), chefe de gabinete do tucano em seu instituto. “Para se defender, Lula ataca. Jamais se explica, sempre acusa. Acostumado a atirar pedras, Lula é incapaz da autocrítica. Quando deveria, de forma rigorosa, abominar a prática da corrupção, ele tenta distrair a opinião pública jogando culpa nos outros. Ora, a grandeza de um líder está em assumir a responsabilidade, por si e por sua equipe, dos possíveis erros cometidos, buscando corrigi-los e superá-los, não em levantar suspeitas sobre outrem com o claro objetivo de se esquivar de seus compromissos éticos e políticos”, disse Fernando Henrique.
A crítica ocorre após uma entrevista de Lula, no dia 2 de julho, na qual o petista falou que FHC “desmantelou instrumentos de combate à corrupção” ao extinguir a “comissão geral de investigação criada pelo governo anterior”. Na ocasião, Lula ainda citou os casos Sivam, da pasta rosa e suposta compra de votos para a aprovação da emenda reeleição. Segundo FHC, são “assuntos ocorridos há quase duas décadas, e que foram esmiuçados devidamente e esclarecidos na época”. Em seu artigo, ele dá a sua versão para cada um dos casos.
O tucano ainda citou uma conversa que teve com Lula em viagem para a África do Sul, no funeral de Nelson Mandela. De acordo com FHC, na ocasião ele sugeriu a Lula que “virasse a página”. “Mas não, Lula insiste em continuar distorcendo fatos para dizer que todos fizeram algo parecido. Eu não caio nessa cilada”, completou