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Apesar de denúncias contra Delta, Cavendish tem bens desbloqueados

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O mês de março abriu com novidades de antigos casos de investigação de corrupção. O dono da empresa Delta, Fernando Cavendish, investigado pela Polícia Federal, conseguiu em janeiro a liberação dos seus bens que estavam bloqueados. A decisão foi do Tribunal Regional Federal do Rio, através do desembargador Antônio Ivan Athié, que classificou como "precipitada" a autorização do sequestro de bens do empresário feita pela 7ª Vara Criminal da Justiça Federal. O desembargador afirmou ainda que o fato de Cavendish "ser amigo, ou ter contato e proximidade com governadores" não significa que ele praticou ilegalidades.

A Polícia Federal estimou o patrimônio bloqueado de Fernando Cavendish em aproximadamente R$ 330 milhões. E a polícia acredita que esse valor deve ser equivalente aos recursos desviados de obras da responsabilidade da Delta e pagas com dinheiro público. 

Com a Operação Saqueador da Polícia Federal, deflagrada em outubro de 2013, o empresário foi impedido de usar carros, movimentar contas e negociar ativos. O bloqueio também foi referente à empresa SCF, que segundo investigadores, foi montada para blindar o patrimônio do empresário. A defesa de Cavendish afirmou que ele não pode ser responsabilizado "por eventuais fatos praticados por outras pessoas".

Cavendish está no grupo de amigos do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. A relação de amizade entre o governador e o empresário veio a público com o episódio da queda do helicóptero de Cavendish na Bahia. A aeronave que saiu do Aeroporto Internacional de Porto Seguro tinha como destino um hotel de Luxo em Trancoso, onde acontecia a festa de aniversário do empresário e tinha entre os convidados o governador Cabral e seu filho Marco Antônio. 

Em uma das viagens entre o aeroporto e o hotel, aconteceu o acidente que tomou proporções para além da esfera criminal e revelou as estreitas ligações entre Cabral e Cavendish, que além de ser acusado de tráfico de influência no governo federal para vencer licitações da sua empresa, ainda é citado em outro processo, das investigações contra o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na aeronave estava a namorada do filho do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, a estudante Mariana Fernandes Noleto, de 22 anos, além da mulher do empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, Jordana Kfuri, o filho do casal, Luca Kfuri de Magalhães Lins, de três anos, Fernanda Kfuri, Gabriel Kfuri Gouveia, a babá Norma Batista de Assunção e o empresário Marcelo Mattoso Almeida. Todos morreram no acidente. 

No mesmo ano da queda do helicóptero na Bahia, a Delta Construções tinha contratos com o governo do Rio e faturou mais de R$ 1,4 bilhão em licitações de obras. Porém, uma operação da Polícia Federal, a Monte Carlo, desmantelou as negociações obscuras e fraudulentas de Cavendish no estado. A Delta Construções, que inicialmente tinha privilégios somente no governo Cabral, virou alvo de investigação da Polícia Federal em outros estados do país.