O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), condenou em artigo no site Carta Maior a prisão dos companheiros de partido José Genoino e José Dirceu. Os dois se entregaram à Polícia Federal, junto com outros nove condenados no julgamento do mensalão. Segundo Tarso, não há provas contra os petistas e as condenações estavam deliberadas de antemão pela grande mídia e pela oposição derrotada nas eleições presidenciais.
"Sustento que os vícios formais do processo, que foram corretamente apontados pelos advogados de defesa - falo dos réus José Genoíno e José Dirceu - foram totalmente secundários para as suas condenações. Estas, já estavam deliberadas antes de qualquer prova, pela grande mídia e pelas forças conservadoras e reacionárias que lhe são tributárias, cuja pressão sobre a Suprema Corte - com o acolhimento ideológico de alguns dos Juízes- tornou-se insuportável para a ampla maioria deles."
Para o governador gaúcho, o julgamento abre uma discussão sobre o poder da mídia nas instituições de poder e o uso dos tribunais como revanche pelos partidos conservadores.
"O desfecho atual, portanto, não encerra o processo do 'mensalão', mas reabre-o em outro plano: o da questão democrática no país, na qual a 'flexão' do Poder Judiciário mostra-se unilateralmente politizada para 'revanchear' os derrotados na política. Acentua, também, o debate sobre o poder das mídias sobre as instituições. Até onde pode ir, na democracia, esta arrogância que parece infinita de julgar por antecipação, exigir condenações sem provas e tutelar a instituições através do controle e da manipulação da informação?. "
Tarso diz ter militado ao lado de José Genoíno por mais de vinte anos, mas que se separaram por "razões políticas e ideológicas". "É um homem honesto, de vida modesta e honrada, que sempre lutou por seus ideais com dignidade e ardor, arriscando a própria vida, em momentos muito duros da nossa História. Só foi condenado porque era presidente do PT, no momento do chamado 'mensalão'."
Quanto a Dirceu, o governador diz que o conhece muito pouco. "Mas não hesito em dizer que foi condenado sem provas, por razões eminentemente políticas, como reconhecem insuspeitos juristas, que sequer tem simpatias por ele ou pelo PT."?