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Ministro defende distinção entre usuários e traficantes de drogas

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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, distinguiu traficantes de usuários de drogas nesta quinta-feira, ao divulgar a maior pesquisa sobre o perfil e o padrão de consumo de crack no Brasil, e defendeu que os usuários sejam objeto de tratamento de políticas de saúde pública. O estudo, que traça estimativas, foi encomendado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) e deverá embasar as políticas públicas de combate ao crack - promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff.

"Narcotraficantes devem ser investigados e punidos", afirmou o ministro. "Usuários devem ser considerados como dependentes químicos e, portanto, passíveis de tratamento na área da saúde", disse. "Não há sentido que viéssemos a tratar com sanções penais e privar os usuários ao tratamento da saúde e de sua reinserção social", acrescentou o ministro.

Lançado no primeiro ano do mandato da presidente Dilma, o programa "Crack, é possível vencer" é de responsabilidade dos ministérios da Saúde, da Justiça, do Desenvolvimento Social e da Educação. Já foram investidos R$ 1,5 bilhão no programa.

Nordeste concentra 40% dos usuários de crack do País

Aguardada há cerca de um ano e meio, a pesquisa da Fiocruz sobre o perfil do usuário de crack e similares no Brasil afirma que cerca de 40% dos usuários estão concentrados na região Nordeste. Os números são estimativas.

De acordo com o estudo, em números absolutos, o Nordeste reúne 148 mil pessoas. Em seguida, vêm as regiões Sudeste, com 113 mil usuários (30,5% do total); Centro-Oeste, com 51 mil (13,8%); Sul, com 37 mil (10%); e Norte, com 33 mil (8,9%).

Um segundo estudo da Fiocruz apresenta de maneira qualitativa o perfil do usuário e foi realizada em todo o País, incluindo cidades de pequeno e médio porte. Os dados foram colhidos com 7.381 usuários regulares de crack.

Um dos dados que chama a atenção diz respeito ao comportamento sexual dos usuários, na qual mais de um terço dos entrevistados afirmaram não ter usado preservativo em relações sexuais vaginais no mês anterior à entrevista. De acordo com o estudo, a amostra de usuários de crack entrevistados para a pesquisa apresentara prevalência de infecção do vírus HIV cerca de oito vezes maior do que a população geral (5% contra 0,6%). Segundo o estudo, esse percentual foi maior nas grandes cidades.