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Congresso apoia decisão de Dilma de adiar viagem aos EUA

No entanto, parlamentares cobram investimentos em segurança eletrônica

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A decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar a viagem aos Estados Unidos foi apoiada por governistas e oposicionistas no Senado. Os casos de espionagem do governo americano, denunciados no Brasil pelo jornalista Glenn Greenwald e a falta de explicações sobre eles foram qualificadas como desrespeito à soberania do Brasil.

Os senadores, no entanto, apontaram a falta de investimentos em segurança cibernética como um dos fatores que propiciaram os casos de espionagem. “A não ida é uma afirmativa do Brasil. A posição dela [Dilma] está baseada em informações que não foram prestadas por eles. Por isso, é uma postura em defesa da soberania nacional”, disse o senador Walter Pinheiro (PT-BA). “Mas é importante dar outros passos, como em relação à defesa do país, já que a vulnerabilidade do Brasil está além fronteiras”, completou.

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O oposicionista Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que o adiamento da viagem “era o mínimo a ser feito”, uma vez que o governo americano não apresentou explicações sobre os casos de espionagem que atingiram a própria presidente Dilma e a Petrobras. Randolfe ressaltou que é preciso mais investimentos no setor de segurança eletrônica e lembrou que o Brasil está vulnerável por falta desses investimentos. “Nós estamos pagando o preço dos erros cometidos na década de 1990 quando leiloamos nosso satélite, quando leiloamos nossas telecomunicações. O preço é a vulnerabilidade”, ressaltou.

Para o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes Ferreira (SP), a presidente deveria ir aos Estados Unidos para cobrar pessoalmente os esclarecimentos e uma retratação sobre os fatos reportados. “Ela tem toda a nossa solidariedade no repúdio à espionagem dos Estados Unidos e de qualquer outro país. Agora, acho que ela deveria ir para dizer na lata, no Salão Oval [gabinete do presidente dos EUA na Casa Branca], que o Brasil não aceita esse tipo de coisa”, disse o líder tucano. Ele também acha que o Brasil “se deixou espionar”.

Já o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que não teria sentido a presidente visitar os Estados Unidos, que não deram ao governo brasileiro explicações satisfatórias sobre a espionagem a autoridades e empresas nacionais.

“Eu antevia [essa decisão], porque ela [a presidenta Dilma] deixou pública sua contrariedade", disse Chinaglia. Segundo o líder, a presidente também deixou claro que Brasil exigia explicações para que o encontro político ocorresse. Na visão de Chinaglia, as respostas dos norte-americanos foram, no máximo, "de amizade", e o adiamento da viagem mostra a insatisfação do governo com a situação.

Para o líder do PT, José Guimarães (CE), ao suspender a viagem, Dilma sinaliza para uma nova relação pública com os Estados Unidos. “Ninguém deve temer os Estados Unidos. Qualquer grito dos Estados Unidos não pode inibir o governo brasileiro. A presidenta está correta, tem nosso apoio e solidariedade, ela foi uma mestra nessa ação.”

Guimarães disse que o telefonema que o presidente Barack Obama deu ontem (16) para a presidente não resolveu o impasse criado com a espionagem eletrônica. “Então, ela suspende a viagem e, enquanto isso, o diálogo prossegue. É isso que faz o governante que tem compromisso com a soberania do Brasil e com o Estado Democrático de Direito”, afirmou o deputado.

Informações da Agência Brasil