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Veículo é incendiado em manifestação de produtores rurais na BA

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Um veículo do Instituto Federal da Bahia (IFBA) foi incendiado nesta quinta-feira durante manifestação de produtores rurais na BR-101, próximo ao município de São José da Vitória, no sul da Bahia, informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ninguém ficou ferido.

A manifestação é contra a demarcação de terras indígenas tupinambás na região. Há mais de um mês os índios intensificaram a ocupação de fazendas e já são mais de 200 propriedades invadidas.

Segundo a PRF, 100 pessoas estavam no protesto, que iniciou às 8h30, mas terminou as 15h, após a chegada da Polícia Federal (PF) e da Força Nacional de Segurança.

Pneus e galhos de árvores foram queimados e houve congestionamento de cinco quilômetros nos dois sentidos. Ainda segundo a PRF, alguns manifestantes foram presos e levados para delegacias da região. 

Foi o terceiro protesto de produtores rurais, desde que os índios intensificaram as invasões de propriedades, numa ação que eles chamam de “retomada”.

Os tupinambás exigem do Ministério da Justiça a publicação da portaria declaratória de uma área de 47,3 mil hectares, demarcada em 2007 pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como terra indígena.

A área fica entre os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema, no sul da Bahia, e dentro dela estão cerca de 600 fazendas, de acordo com a Associação dos Pequenos Produtores Rurais.

 Outros incêndios

Com o incêndio de hoje, já chega a sete o número de carros que foram queimados em manifestações de produtores rurais – dos outros seis, quatro eram do governo da Bahia, um do governo federal e um particular.

Oito casas de índios localizadas em Buerarema também foram incendiadas, e houve também depredação e saque de prédios públicos e privados. Treze pessoas já foram presas por atos de vandalismo.

A situação segue em ritmo de tensão na região. No meio da semana, um homem que o cacique Val Tupinambá diz ser o índio pataxó Edmilson Alcântara, 30 anos, foi encontrado com oito tiros numa área de disputa de terras situada em Ilhéus. “A família dele é de Porto Seguro e está indo para Ilhéus”, disse Val.

No final da tarde desta quinta, porém, o corpo ainda não tinha sido identificado no Instituto Médico Legal (IML) de Ilhéus. Uma funcionária do IML disse que o corpo “está como identidade ignorada”.

O cacique afirmou que tem sido vítima de emboscadas na região de Ilhéus. “Pistoleiros e índios que trabalham em fazendas estão andando armados em motos e nos fazendo ameaças”, declarou.

Tensão

Em Buerarema, onde estão concentrados a maioria dos produtores rurais postos para fora de suas propriedades, índios tupinambás mal podem circular pela cidade.

Na terça, um grupo de tupinambás teve de pedir socorro da polícia por simplesmente estarem comprando em um frigorífico local. Comerciantes que vendem aos índios também viram alvo dos produtores rurais.

E se do lado dos índios há morto, do lado dos fazendeiros um corre risco de ficar paraplégico. É Adailton Carmo dos Santos, 55 anos, funcionário da Fazenda São Pedro, em Ilhéus, e que recebeu tiro de espingarda nas costas, durante ocupação indígena na segunda passada. Ele está internado no Hospital de Base, em Itabuna.

O presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Ilhéus, Una e Buerarema, Luiz Henrique Uaquim da Silva, disse que os fazendeiros querem a anulação da demarcação feita em 2007. Ele defende que a demarcação da Funai “é fraudulenta”.