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'Doença mental' levou adolescente a matar família de PMs, diz psiquiatra

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Escolhido pela Polícia Civil para traçar o perfil psicológico do estudante Marcelo Pesseghini - suspeito de matar os pais, a avó e uma tia-avó antes de cometer suicídio em São Paulo -, o psiquiatra forense Guido Palomba afirmou nesta segunda-feira ter convicção de que uma "doença mental" levou o adolescente a cometer os crimes. Segundo o especialista, que trabalha inicialmente com base em cerca de 50 depoimentos de testemunhas, o caso só pode ser explicado se for admitida a possibilidade de uma psicopatologia.

"O que eu já tenho dito desde o primeiro momento, antes mesmo de começar a trabalhar no caso, é que esse crime dele só pode ser compreendido se nós dermos uma 'pitada', digamos assim, se admitirmos que ele tinha um estado mental anormal, ou seja, uma doença mental", afirmou Palomba.

"Este crime somente é compreensível se nós admitirmos uma anormalidade mental. E agora vou ver que tipo de anormalidade é essa, vou 'garimpar' elementos clínicos. Essa é a minha finalidade", resumiu o psiquiatra forense, que disse já ter uma suspeita sobre qual doença afetava o comportamento de Marcelo, mas preferiu não antecipá-la para não prejudicar as investigações.

Até o momento, as investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa apontam Marcelo como o principal suspeito pela morte do sargento das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos, da cabo Andreia Bovo Pesseghini, de 36 anos, da avó materna Benedita de Oliveira Bovo, 67 anos, e da tia-avó Bernadete Oliveira da Silva, 55 anos. Segundo a polícia, o adolescente usou a pistola .40 da mãe para executar a família e, posteriormente, cometer suicídio.

A princípio, o trabalho de Palomba estará focado nos depoimentos já colhidos pela Polícia Civil, assim como em laudos emitidos pelo Instituto Médico Legal (IML). "É como se fosse uma espécie de um quebra-cabeça, que nós vamos recolhendo as peças e encaixando para formar uma determinada imagem", disse o especialista, que não descartou fazer investigações complementares. "O primeiro passo é analisar os depoimentos. Eu vou ver quais são os terrenos mais férteis para a nossa análise, e se por ventura for necessário outro passo, alguma outra iniciativa, posso fazê-lo", completou.

"O crime é uma fotografia exata e em cores do comportamento do indivíduo. Não há possibilidade de simulação. E se nós soubermos ver essa fotografia, nós vamos ver o comportamento, e quem vê o comportamento tem acesso a alguns dados psíquicos, porque quem manda no comportamento é o psiquismo. A partir daí você chega à conclusão", afirmou Palomba, que disse não ter ainda um prazo definido para a entrega do perfil psicológico do estudante. "Eu pretendo responder a todas as perguntas. Eu me sinto até no dever de explicar essas questões - que doença é essa, por que se manifestou, o que resultou -, e acredito que vou conseguir. Mas isso só lá adiante", garantiu.